Criminoso preso em flagrante em um dos ataques de Santa Catarina disse em depoimento à Polícia Civil que a ordem para a ação foi dada por uma pessoa que está detida em um presídio do estado.
A informação, repassada à Agência Brasil por fontes do órgão, reforça uma das linhas de investigação adotadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), que considera que os ataques podem ser uma retaliação ao endurecimento de ações dentro do sistema prisional, como o corte de regalias.
Um CD, deixado no local de um atentado em Florianópolis no dia 31 de janeiro, que contém uma gravação com a voz supostamente de um detento, também está sendo investigada pela polícia como indício do envolvimento de presos no caso. De acordo com a Polícia Militar (PM), o áudio traz ameaças de que, caso não mude o tratamento dado aos presidiários, a onda de ataques irá piorar. A gravação faz referência a um suposto acordo entre criminosos e governo que teria sido quebrado, informou a PM.
A onda de ataques teve início dias após uma operação pente-fino na Penitenciária Regional de Joinville no dia 18 de janeiro. Imagens do circuito interno do presídio, divulgadas pela imprensa no último dia 2, mostram que os agentes utilizaram balas de borracha e gás de pimenta contra os detentos, mesmo com eles em situação de controle.
Amanhã (6), o delegado Fábio Estuqui, titular da unidade do bairro Itinga, em Joinville, irá ouvir o depoimento de agentes penitenciários que participaram da operação. O diretor interino do presídio na ocasião, Jacson Jony Soupinski, também será ouvido.
A Corregedoria da Secretaria de Justiça e Cidadania também investiga as denúncias de abusos por parte de agentes penitenciários. Por meio de nota, o órgão informou que, no último dia 2, todos os envolvidos foram afastados temporariamente de seus cargos e funções. O Departamento de Administração Prisional (Deap) avalia que, conforme análise preliminar das imagens, o fato trata-se de uma ação isolada nesse presídio.
Essa é a segunda série de ataques de criminosos em Santa Catarina em menos de três meses. A anterior ocorreu em novembro, quando foram registradas 68 ocorrências, entre elas, 27 ônibus incendiados em 16 municípios. Na época, uma das linhas de investigação também era a de uma represália contra supostos maus-tratos a detentos, dessa vez na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, em Florianópolis.