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Ponta Grossa – Foi preciso a intervenção de uma juíza, que está em férias, para que um menino pobre, órfão e doente, interno de um abrigo para crianças e adolescentes sob risco social de Ponta Grossa, conseguisse internamento. Na terça-feira, Mário, de 14 anos, aguardou 11 horas até que surgisse a vaga no Hospital Doutor Feitosa, em Telêmaco Borba, a 115 quilômetros de Ponta Grossa. Nesse período passou por três médicos, dois hospitais e teve dois diagnósticos errados.

O tormento não teve fim mesmo depois do anúncio da vaga em Telêmaco. Com dores, vômitos e febre, ele aguardou ainda por mais quatro horas uma ambulância para levá-lo. Não havia carro disponível em Ponta Grossa e foi preciso deslocar um de Jaguariaíva – a 106 quilômetros de Ponta Grossa – para transportá-lo. Já no hospital, o menino foi surpreendido com a notícia de que o diagnóstico dado anteriormente em Ponta Grossa estava errado. A apendicite aguda, detectada depois da amigdalite, era na verdade uma forte inflamação de garganta, que passou para o abdômen.

Mário começou a passar mal na manhã de terça-feira. Febre, vômito e dores abdominais alertaram a responsável pela instituição – ela preferiu omitir seu nome e o do abrigo por medo de represálias. O menino foi levado ao Pronto Socorro Municipal por volta das 13 horas e passou por uma série de exames. Voltou a ser atendido às 21 horas, com prontuário mostrando uma amigdalite. A receita indicava uma injeção de Benzetacil e logo depois Mário estaria liberado. Entretanto, a medicação lhe fez mal e os vômitos recomeçaram.

Desta vez, ele foi levado ao Hospital Cidade. Na consulta de R$ 30, a responsável foi informada que se tratava de uma apendicite aguda, e seria necessária uma cirurgia de urgência. Como o preço proposto pelo médico, algo em torno de R$ 1,5 mil, era muito alto para os padrões da instituição, não houve alternativa a não ser comunicar, por volta das 23 horas, o caso a juíza da Vara de Infância e Juventude de Ponta Grossa, Noeli Reback. A juíza, que está em férias, acionou as autoridades competentes e uma hora depois a vaga surgia. Mário teve alta na quarta-feira, retornou para Ponta Grossa e passa bem.

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