A Zombie Walk deste ano em Curitiba está cancelada. A informação foi publicada no Facebook oficial do evento na tarde desta terça-feira (21). No texto, os organizadores explicam que o principal motivo para a não realização do tradicional evento do carnaval curitibano foi a impossibilidade de atender todas as exigências feitas pela prefeitura. A edição de 2017 estava agendada para o próximo domingo (26). Já o prefeito Rafael Greca disse nas redes sociais que o evento não estava cancelado e sugeriu que a caminhada dos zumbis ocorra na Avenida Marechal Deodoro.
De acordo com Wellington Soares, conhecido como Docca e um dos organizadores da Zombie Walk, a falta de apoio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) foi o que mais comprometeu o evento deste ano. “Com a perda desse apoio institucional, esbarramos um monte de exigências da Cage [Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte] que consideramos impossíveis”, explica.
Segundo ele, uma dessas exigências é a determinação de que o evento arcasse com despesas de segurança privada, pagamento dos agentes de trânsito, limpeza e banheiros químicos. Ele argumenta, contudo, que o evento é gratuito, aberto ao público e sem fins lucrativos. Além de não vender ingressos, os organizadores afirmam que não havia patrocínios. “Saíamos tão ‘duros’ quanto entramos. Não havia dinheiro em jogo”, afirma.
Docca lembra ainda que a Zombie Walk nunca dependeu de dinheiro público para a sua realização, apenas de apoio logístico, seja com o fechamento de ruas ou com a presença de efetivo policial. Ele não sabe, no entanto, de quanto a organização precisaria para fazer o evento acontecer.
Ele critica também a falta de comunicação por parte da prefeitura por não informar os organizadores dos eventos da capital a tempo sobre a mudança em relação às despesas. “Essa resolução do mantenedor do evento ter de arcar com as despesas é de julho do ano passado e não recebi uma única ligação sobre isso”, reclama. “Isso afetou outros eventos, não só a Zombie Walk”.
Em Curitiba, outras festividades do pré-carnaval também foram canceladas neste ano. O Carnaval Eletrônico, que deveria acontecer no dia 5 de fevereiro, mas os organizadores deixarem de apresentar a documentação necessária. Além dele, o desfile do tradicional bloco Garibaldis e Sacis também foi suspenso por determinação do Cage.
Pode voltar
Procurado pela reportagem, o presidente da FCC, Marcelo Cattani afirmou que a prefeitura ainda não desistiu da realização do evento, e que vai atuar para que a Zombie Walk aconteça em 2017.
Além disso, por meio de sua assessoria de imprensa, a fundação explicou que houve um mal-entendido e disse que sempre apoiou a Zombie Walk, inclusive dando voto a favor de sua realização em reunião com o Cage.
A FCC afirma ainda que agendou uma reunião com os organizadores do evento na manhã desta quarta-feira para definir o que ainda precisa ser feito e tentar garantir que os mortos-vivos voltem para as ruas de Curitiba ainda em 2017.
Nas redes sociais, o prefeito Rafael Greca disse que não cancelou a Zombie Walk e diz ser fã do evento. Segundo ele, “o criativo desfile está mantido na manhã de domingo de carnaval” e ressaltou que uma reunião com os organizadores deverá ser realizada nesta quarta-feira para discutir como isso será feito. Além disso, Greca sugere algumas mudanças, como a ida do cortejo para a Avenida Marechal Deodoro para reaproveitar a infraestrutura usada no desfile das escolas de samba no sábado à noite.
Leia na íntegra a nota de cancelamento da organização da Zombie Walk:
É com muito pesar que a equipe ZOMBIE WALK CURITIBA informa seu público que o evento de 2017 não ocorrerá. Lutamos com todas as nossas forças para continuar o que para muitos já era uma tradição no carnaval da cidade de Curitiba. No entanto, a exemplo de diversos outros eventos vetados pela atual legislação, não obtivemos a autorização necessária para a realização.
Lamentamos a postura intransigente da CAGE (Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte) que não nos concedeu uso de solo, com exigências muito além de nossas capacidades.
Lamentamos também a falta de apoio da Fundação Cultural de Curitiba, que até o ano passado foi estimada parceira, orientando e auxiliando na condução do evento, o que não aconteceu esse ano.
Sabemos da polêmica sobre eventos e verbas públicas, e queremos deixar claro que a ZOMBIE WALK CURITIBA não recebia qualquer verba municipal (recebíamos apoio logístico). Temos uma rede de parcerias que sempre nos ajudaram a construir nosso evento, e esses parceiros continuam conosco.
Pedimos desculpas a nosso público, e informamos que esse revés não é o fim da ZOMBIE WALK CURITIBA, que voltará em 2018, pois lutaremos para isso.
Esperamos a compreensão de nossos amigos, e maior sensibilidade do poder público no futuro, o Carnaval Alternativo de Curitiba com seus vários eventos sempre foi um diferencial da cidade, atraindo inclusive pessoas de outras cidades. É com tristeza que estamos assistindo ao desmonte de tudo isso.
Repetimos que a ZOMBIE WALK CURITIBA sofreu um revés, mas não está acabada, voltaremos com nossa marcha pacífica ainda mais fortes, e como bons zumbis que somos, resistiremos.
ATÉ 2018 MEUS AMIGOS.
ZOMBIE WALK CURITIBA.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora