Apesar dos indícios de fraude nas eleições da Venezuela, organizações de esquerda parabenizaram o ditador Nicolás Maduro pela “vitória” nas eleições presidenciais.| Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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Além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), outras 11 organizações sociais brasileiras parabenizaram nessa segunda-feira (29) o ditador venezuelano Nicolás Maduro pela “vitória” nas eleições presidenciais.

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Em nota conjunta, as entidades afirmaram que “a democracia venceu” e que “o povo venezuelano decidiu pela democracia”. Os movimentos afirmaram ainda que “a Soberania do Povo Venezuelano e o seu direito ao voto prevaleceram” – apesar dos indícios de fraude e de o resultado contrariar pesquisas que apontavam vitória esmagadora da oposição na Venezuela. Veja quais são esses movimentos:

Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)

Entre as organizações que assinaram o comunicado está a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Criada em 2018, a entidade foi um desdobramento de uma Frente de Juristas formada para “denunciar o golpe” de 2016 — quando ocorreu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

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A associação afirma ser composta por cerca de 2 mil membros que atuam para o Estado e para movimentos populares, e afirma defender a democracia e as garantias jurídicas asseguradas pela Constituição.

A entidade já apresentou várias ações contra conservadores no STF. Recentemente, por exemplo, protocolou reclamação disciplinar contra o juiz federal Marlos Augusto Melek por ele participar de um grupo de WhatsApp com cerca de 200 empresários. Após a denúncia, o juiz recebeu pena de censura do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz)

Outra entidade que parabenizou Maduro foi o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), entidade que se apresenta como “apartidária e diversa” na luta pela justiça, pela soberania dos povos, direitos humanos e pela paz.

Criada em 2004 no Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, o Cebrapaz é membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), organização civil e "anti-imperialista" estabelecida após a Segunda Guerra Mundial por resistentes contra o fascismo.

Entre as bandeiras que defende estão a "luta contra a opressão, a exploração, guerras, colonialismo e contra o imperialismo". Recentemente, a entidade articulou a publicação de uma carta aberta negando a classificação do Hamas como grupo terrorista, documento assinado por ministros de Lula e parlamentares do PT e PSOL.

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Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Com bandeira contra o capitalismo e favorável ao socialismo, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) também enviou congratulações a Maduro. O presidente do movimento, Adilson Araújo, foi um dos observadores internacionais que acompanhou a eleição presidencial desse domingo (28), em Caracas.

Pelo site do CTB, Araújo afirmou que a Venezuela enfrenta uma “guerra híbrida” promovida pelos EUA contra o povo e contra o governo venezuelano, que defende a construção de uma sociedade socialista.

Fundada no final de 2007, a entidade surgiu para representar trabalhadores e suas categorias.

Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam)

Fundada em 1982, a Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam) também assinou a nota conjunta. Esse movimento se apresenta como um grupo que luta pela “democracia, participação e direitos nas comunidades”, com papel de organizar federações e uniões associadas.

Representantes da entidade participaram em uma reunião com o presidente Lula no último dia 19 de julho, em São Paulo. O encontro, chamado de “Diálogos com o Presidente Lula”, ocorreu na sede do Armazém do Campo, onde são comercializados produtos orgânicos produzidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

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Organização Continental Latino-Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE)

Outro movimento de apoio a Maduro é a Organização Continental Latino-Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE), que integra alunos de diversos países da América Latina desde 1966. Um dos grupos que hoje fazem parte o movimento é a União Nacional dos Estudantes (UNE), que reivindica desmilitarização da polícia, respeito à diversidade e o fim do genocídio da juventude negra no Brasil.

A sede da OCLAE fica em Cuba, onde entidades como a UNE mantêm um representante para levar suas lutas e bandeiras. A organização internacional afirma defender a paz e a democracia, e ser contra o militarismo e o intervencionismo imperialista. Entre suas bandeiras, segundo a UNE, estão o fim do embargo dos EUA à Cuba e o respaldo à Venezuela bolivariana.

Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT)

Como o próprio nome diz, a Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT) reúne jovens petistas em órgãos como o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve). Uma das ações recentes do movimento foi o protesto na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) contra o projeto de escolas cívico-militares no estado. A manifestação precisou da intervenção da Polícia Militar (PM) após estudantes tentarem invadir o plenário.

Em suas redes sociais, a JPT apoia pautas como o enfrentamento à LGBTFobia e a descriminalização das drogas. O grupo também se refere ao governo do ex-presidente Bolsonaro como “fascista”.

União da Juventude Socialista (UJS)

A nota de parabenização enviada a Maduro também foi assinada pela União da Juventude Socialista (UJS), que levanta a bandeira do socialismo com o objetivo de “defender a alegria, organizar a rebeldia”. Contrário à sociedade capitalista, o movimento é favorável ao aborto e à diversidade sexual. Tem como “exemplo de dedicação e combatividade”, Ernesto Che Guevara, e luta por “revolução”.

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O movimento foi fundado em 1984, se manifestou contra as privatizações efetivadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, e apoiou as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, “para dar continuidade no projeto progressista”.

Em 2016, a UJS atuou contra o “golpe” — em referência ao impeachment de Dilma — e, em 2019, saiu às ruas contra o governo Bolsonaro

Outros movimentos que apoiam Maduro

Também assinaram a nota de congratulações os movimentos Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Comitê Brasileiro de Solidariedade com a Venezuela, Movimento Kizomba e Levante Popular da Juventude.

A vitória de Maduro foi confirmada no início da madrugada de segunda (29) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com 51,2% dos votos. No entanto, uma pesquisa de boca de urna da Edison Research, instituto de pesquisa que realiza levantamentos nas principais eleições dos Estados Unidos, apontava vitória esmagadora da oposição na Venezuela. De acordo os dados, González teve 65% dos votos na eleição presidencial realizada, contra 31% do ditador Nicolás Maduro.

Durante a eleição, foram divulgadas diversas denúncias de intimidação em locais de votação e de compra de votos em troca de alimentos e gasolina. Além disso, a autoridade eleitoral venezuelana negou acesso e informações aos representantes da oposição após o fechamento das urnas.

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