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Seqüelas do seqüestro

Órgãos de Eloá serão doados pela família

Amigos de Eloá picharam o muro do prédio onde aconteceu o seqüestro dela e de Nayara | Joel Silva/Folha Imagem
Amigos de Eloá picharam o muro do prédio onde aconteceu o seqüestro dela e de Nayara (Foto: Joel Silva/Folha Imagem)

A família da estudante Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, baleada na cabeça após passar cem horas refém do ex-namorado em Santo André (Grande São Paulo), aceitou doar os órgãos da adolescente à fila pública de transplantes. Eloá foi baleada na sexta-feira. No mesmo dia, passou por uma cirurgia no Centro Hospitalar do Município de Santo André. Desde então, manteve-se em coma. No final da noite de ontem, os médicos constataram a morte encefálica - o coração bate, mas o cérebro parou de funcionar irreversivelmente.

Conforme os protocolos médicos, foi apresentada aos parentes da adolescente a possibilidade de os órgãos serem doados para transplantes. A família hesitou. "Para a mãe, foi muito difícil entender que o coração está batendo, mas que [o corpo da filha] não tem mais vida. Isso foi difícil’’, disse Rosa Maria Pinto Aguiar, diretora do hospital. A resposta da família (positiva) veio quase 12 horas depois, às 10 horas de ontem. "Ela [a mãe] acabou elaborando bem essa questão’’, afirmou Rosa.

Segundo uma prima de Eloá, a operadora de máquinas Aparecida da Silva Pimentel, familiares tiveram de convencer a mãe da adolescente a aceitar a doação, em razão da revolta por ter perdido a filha de forma tão trágica. O pai não se mostrou contrário à doação dos órgãos. De acordo com Aparecida, "a ficha’’ da mãe "só caiu’’ quando os médicos deram a informação oficial. "Até então ela estava nervosa, mas sempre esperançosa’’, disse.

Uma equipe médica do Instituto Dante Pazzanezze, de São Paulo, foi enviada ao hospital de Santo André para avaliar quais órgãos de Eloá estavam em condição para transplante. A conclusão da avaliação estava prevista para a noite de ontem. Os órgãos deveriam ser levados para os hospitais onde estão internados os pacientes receptores e transplantados já na madrugada de hoje. Os órgãos precisam ser transplantados em poucas horas.

Nayara Rodrigues da Silva, 15, amiga de Eloá que foi baleada no rosto, permanecia ontem na unidade de terapia semi-intensiva do centro hospitalar de Santo André. Ela se recupera bem e, segundo os médicos, não deverá ter seqüelas. A equipe do hospital decidiu que ela ficará na unidade de terapia semi-intensiva até o momento de receber alta. Ela não irá para um quarto comum do hospital.

O caso

Inconformado com o fim do namoro de três anos, Lindemberg Fernandes Alves rendeu a adolescente na última segunda-feira. Além dela, outras três pessoas (uma amiga da garota e outros dois jovens) também foram feitas reféns. Às 20 horas daquele dia, policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foram ao prédio localizado em um conjunto habitacional no bairro Jardim Santo André para tentar negociar a liberdade dos reféns. Após duas horas de negociação, os garotos foram liberados.

Na madrugada da terça-feira, duas irmãs de Alves foram ao local. As cozinheiras Francimar e Lindomar afirmaram que ele era muito amoroso com a adolescente e sempre se mostrou tranqüilo. Entretanto, ele entrou em depressão após o rompimento com a garota e passou a ameaçá-la de morte caso ela não reatasse o relacionamento. Ainda na terça-feira, ele disparou duas vezes em direção a uma multidão formada por jornalistas e curiosos que circundavam o prédio. Durante a noite, os policiais cortaram o fornecimento de energia ao apartamento onde as garotas eram mantidas reféns. Em troca do retorno da eletricidade, Alves libera a amiga de sua ex-namorada.

A invasão

Menos de dois dias após a libertação, a adolescente volta às 10 horas de quinta-feira ao apartamento, porém, não como refém, segundo a polícia. O mais longo caso de cárcere privado do estado terminaria apenas às 18h10 de sexta-feira de forma trágica. A Polícia Militar afirma que decidiu invadir o apartamento após o rapaz atirar. "O que provocou a invasão foi o próprio agressor. O Gate não atirou. Fizemos de tudo para preservar a vida dos três", disse ontem o coronel Eduardo Félix, comandante do Batalhão de Choque da PM.

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