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Conexão insegura

Órgãos espionados vão deixar central da Celepar

As Polícias Civil, Militar e Científica devem deixar de usar o servidor central da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) após a Copa do Mundo. Todos os dados e informações usadas pela segurança pública do Paraná serão armazenados em outro servidor, que está sendo construído para ser usado durante o campeonato mundial.

A decisão de mudança já havia sido tomada antes mesmo de a espionagem vir à tona. É senso comum entre as polícias que trafegar informações sigilosas por meio de uma empresa não é seguro. O equipamento ficará em uma sala-cofre na própria Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) também abandonará o servidor da Celepar. Em novembro passado, o órgão assinou um contrato de aquisição do Google Apps for Business para melhorar o e-mail funcional. A tecnologia adquirida é um conjunto de softwares, que propicia também mais segurança.

A Polícia Científica desenvolveu um sistema a parte do servidor da Celepar, por meio do qual controla e organiza as informações sobre laudos do Instituto de Criminalística. O sistema interno opera com chaves de acesso independentes da Celepar. Apesar disso, os e-mails funcionais são Expresso Livre, vinculados à empresa.

Policiais vão denunciar interceptação de dados à OIT

Delegados, policiais civis e militares entenderam como "gravíssima" a interceptação das contas de e-mail de agentes de segurança pública do Paraná. O Sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol) anunciou que vai apresentar uma denúncia formal à Organização Internacional do Trabalho (OIT), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, a entidade que representa os agentes também deve acionar o Ministério da Justiça e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"Além de ser uma afronta ao estado democrático de direito, é algo gravíssimo e que tira a liberdade do policial. Trata-se de uma prática criminosa. Que segurança temos? Não podemos ser submetidos a isso", disse o presidente do Sipol, Roberto Ramires.

No domingo (2), a Gazeta do Povo mostrou que as polícias Científica, Civil e Militar, além da Receita Estadual, tiveram as caixas de e-mail invadidas por uma conta administrada a partir da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar). Um dos servidores estaduais que teve as mensagens interceptadas revelou que pretende ingressar com uma ação cível na Justiça contra a Celepar.

"Uma coisa que me chama atenção é a possibilidade de eles poderem colocar e tirar o compartilhamento a qualquer momento. Pode invadir, roubar informação e apagar o rastro", afirmou a vítima, que pediu para não ser identificada. Ainda de acordo com o servidor, a fragilidade é maior porque não há criptografia, já que a Celepar não atenderia os requisitos para ser certificada. "O servidor dela não é seguro", comentou.

Um delegado da elite da Polícia Civil disse que os agentes da corporação já haviam sido informados de que as contas de e-mail corporativas vinham sendo espionadas. Segundo ele, os servidores defendem a apuração rigorosa do crime. "Nosso trabalho é sigiloso. Se alguém está nos espionando, qual o interesse obscuro que há por trás disso? Talvez o próprio agente que grampeou esteja com receio de ser investigado pela polícia", disse.

Uma policial militar, que também foi vítima da interceptação, classificou como "preocupante" a espionagem. Ela apontou que informações confidenciais circulavam diariamente pelos e-mails corporativos e podem ter sido acessadas pelo invasor. "Por mais que seja uma conta institucional, a gente se sente invadida. É o extremo absurdo [a espionagem]. Nós confiávamos no sistema, mas agora vimos que não temos segurança. É grave, principalmente porque, hoje em dia, não tem como tramitar tudo via papel", observou.

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