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Além de influenciar a cultura, a economia e os hábitos ao redor do mundo, a globalização reforçou o padrão de beleza baseado nas características físicas ocidentais. Como nem todo mundo se enquadra nesse modelo – que o digam os orientais e seus descendentes – tem muita gente fazendo muito mais do que chapinha para alisar cabelo a fim de se "ocidentalizar".

Um dos procedimentos que ganha cada vez mais adeptos entre a turma com origens no Oriente é a chamada cirurgia de ocidentalização – um procedimento que serve, grosso modo, para abrir os olhos dos pacientes.

Embora não existam dados específicos sobre esse tipo de procedimento, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estima que 2% do total de cirurgias realizadas por ano no Brasil são feitas por orientais – o que dá cerca de 16 mil ocorrências. E a operação de ocidentalização é a segunda mais realizada pela etnia, fica atrás apenas da prótese mamária. Por conta do grande número de imigrantes orientais, Paraná e São Paulo lideram a realização desses procedimentos médicos no país, estima a SBCP.

De acordo com o cirurgião plástico César Guedes, de Curitiba, a procura pela ocidentalização aumenta a cada ano. "Há épocas, principalmente no inverno, em que a procura é maior", diz ele. "Aqui na clínica fazemos em média 15 por ano." Guedes chama a atenção para um ponto importante: a cirurgia irá atenuar algumas características típicas dos olhos orientais, mas não vai proporcionar uma transformação radical nos traços da face. O cirurgião plástico Sandro Beira, por sua vez, conta que os adolescentes e adultos jovens (na maioria mulheres) são os que mais procuram o recurso.

Outro grupo de pacientes é formado por orientais mais velhos, que precisam recorrer à blefaroplastia (cirurgia para corrigir pálpebra caída). Muitos aproveitam a oportunidade para fazer também a ocidentalização. Nesses casos, quando a pele já cobre parte do olho, a cirurgia muitas vezes tem um caráter funcional, melhorando o campo de visão do paciente.

Segundo Guedes, não há restrições, qualquer pessoa pode fazer a ocidentalização. "O mais importante nesse procedimento é a simetria, as dobrinhas têm de ficar perfeitamente simétricas." O recomendável, no entanto, é que o paciente tenha pelo menos 16 anos.

Procedimento

O cirurgião plástico José Tariki, diretor da SBCP, explica que a cirurgia consiste em abrir um pouco os olhos e criar uma pequena dobra na pálpebra superior, ausente em cerca de 30 a 60% dos orientais. Segundo ele, há uma diferença anatômica nos orientais que faz com que não exista essa prega e os olhos tenham um aspecto mais inchado. "Nos ocidentais o músculo elevador da pálpebra tem algumas ramificações que se prendem ao társio (cartilagem em que se prendem os cílios), a pele fica grudada no músculo e quando a pessoa levanta o olho é formada a preguinha. Já no oriental a pele não adere ao társio", afirma. A cirurgia dura em média uma hora e é feita com anestesia local.

Wanderley Mackert, também especialista em cirurgia plástica, explica que existem diversos tipos de técnicas para fixar a pele ao társio, mas que em geral partem de dois princípios. Pode ser feita uma incisão no sulco palpebral ou a fixação pelo interior da pálpebra, evitando o corte. "Apesar de menos agressiva essa segunda técnica não é tão eficaz, pois os pontos podem soltar com o tempo, por outro lado é um processo com maior chance de reversão", diz. Mackert explica que em ambos os casos a cicatriz é praticamente imperceptível, até porque deve ficar exatamente no local onde for criada a dobrinha.

"É um procedimento simples, mas que tem um resultado muito agradável", diz o cirurgião André Auersvald.

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