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Transporte

Os desafios de quem opta pela bicicleta

Sem aplicar recursos previstos no PPA e na LDO, ciclovias curitibanas estão em péssimo estado | Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo
Sem aplicar recursos previstos no PPA e na LDO, ciclovias curitibanas estão em péssimo estado (Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo)
Veja onde estão as ciclovias de Curitiba e as condições em que se encontram algumas delas |

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Veja onde estão as ciclovias de Curitiba e as condições em que se encontram algumas delas

Quem opta pelo uso da bicicleta no dia-a-dia pode pensar duas vezes antes de sair de casa. Quando não é a falta de ciclovias ou de ligação entre elas, os obstáculos se transformam em verdadeiras pedras no caminho.

Sem a definição do Plano de Mobilidade de Curitiba, previsto para o final deste ano, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) está realizando um projeto de estudo, dentro do Programa Pedala Curitiba, que pretende ampliar os atuais 120 quilômetros de ciclovias. Em conjunto com outras secretarias, o Ippuc pretende levantar as condições dos trechos existentes. Para a arquiteta do setor de planejamento do Ippuc, Maria Miranda, a manutenção urbana é difícil, mas necessária. Para isso, busca-se parceria com outras secretarias para ajudar na identificação dos problemas.

A reportagem percorreu cinco grandes trechos de ciclovias e avaliou alguns aspectos como pavimentação, sinalização, iluminação, ligação entre um trecho e outro e obstáculos (veja box). O trecho que inicia da Avenida Sete de Setembro e estende-se pela Avenida Affonso Camargo, até os limites de Pinhais, na região metropolitana, é o que oferece as melhores condições de tráfego nos quesitos avaliados. Mesmo assim, em 10 minutos no local, dos oito ciclistas que passaram no trecho próximo ao Jardim Botânico, cinco andavam pela canaleta de ônibus.

Para o empresário João Gluczkowski, 50 anos, essa é uma realidade. Quem usa bicicleta para se deslocar de casa para o trabalho precisa ser ágil, o que obriga a apelar para a canaleta de ônibus. Gluczkowski sabe que a prática é a causa de muitos acidentes. Porém a falta de estrutura em alguns pontos não deixa outra alternativa para quem pedala.

Há 30 anos pedalando pela cidade, o transporte alternativo passou de necessidade à opção para Gluczkowski. Morador do Cristo Rei, ele pedala até o Mercês diariamente. Gasta 30 minutos dos 50 que levaria se fosse de ônibus. Na garagem, ele tem carro e moto e mesmo assim não abre mão da bicicleta. Para o empresário, a economia se aliou ao ganho com a saúde e ao tempo economizado.

Segundo Gluczkowski, o que atrapalha é falta de orientação aos ciclistas. Habilitado em carro, moto e caminhão, Gluczkowski lembra que já passou por inúmeros treinamentos de direção defensiva nessas modalidades, o que considera fundamental. "O ciclista deveria fazer também. O treinamento é importante para capacitá-lo e evitar problemas", alerta. Outro aspecto lembrado é a criação de ciclofaixas (veja box). Para ele, quem é contra nunca andou de bicicleta. "Haveria o respeito mútuo e não interferiríamos na passagem do pedestre", aponta.

Com investimento baixo – uma bicicleta boa custa entre R$ 700 e R$ 1 mil – e manutenção irrisória – em torno de R$ 10 ao mês –, a bicicleta também reduziria congestionamentos e poluição. Se a cidade tivesse mais suportes para fixação de bicicletas, não haveria problemas com vagas para estacionamento, por exemplo. Afinal, ela cabe em qualquer lugar. "O futuro do trânsito está no uso da bicicleta", aposta Gluczkowski.

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