Violência é um dos riscos
Para o porteiro Esdro de Souza, 42 anos, a insegurança é o ponto negativo em se ter a bicicleta como meio de transporte. Há oito anos, Souza vem e vai diariamente de bicicleta de Piraquara ao Cristo Rei, onde trabalha. Assaltado três vezes sempre depois que sai do trabalho, às 23 horas ele lembra que a necessidade suplanta o medo. "Chego a economizar 15% do meu orçamento com a bicicleta, mas, pela violência, tenho medo de pedalar à noite", afirma o porteiro.
Na opinião de Souza, se atualmente não há mais bicicletas nas ruas é pela questão cultural. "Não estamos falando de ciclista ocasional, de lazer, e sim de quem usa para ir ao trabalho, como eu".
Em uma pesquisa do Ippuc no ano passado, 68% dos entrevistados usava bicicleta principalmente para trabalhar. (AP)
De bike no trânsito
Existem dois tipos de tráfego de bicicletas. No compartilhado, não há delimitação entre as faixas de carros e bicicletas. Nesse caso, que é o de Curitiba, a faixa é apenas alargada para permitir o trânsito de carros e bicicletas. Já a ciclofaixa é uma faixa do lado direito da via em mão única e no mesmo sentido dos automóveis. Há apenas uma faixa ou blocos de concreto separando os espaços. Abaixo, veja quais são as regras de trânsito de acordo com o CBT.
Tráfego
- O trânsito de bicicletas deve ser feito pelo lado direito da pista, próximo ao meio-fio e, quando em grupo, em fila única um atrás do outro.
- É proibido transitar sobre as calçadas.
- O ciclista não deve se agarrar na traseira ou lateral de outros veículos.
- O ciclista nunca deve se infiltrar em meio a veículos em movimento.
- Para transitar à noite, a bicicleta deve ser iluminada. Também à noite é desaconselhável o trânsito de crianças em bicicletas.
Quem opta pelo uso da bicicleta no dia-a-dia pode pensar duas vezes antes de sair de casa. Quando não é a falta de ciclovias ou de ligação entre elas, os obstáculos se transformam em verdadeiras pedras no caminho.
Sem a definição do Plano de Mobilidade de Curitiba, previsto para o final deste ano, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) está realizando um projeto de estudo, dentro do Programa Pedala Curitiba, que pretende ampliar os atuais 120 quilômetros de ciclovias. Em conjunto com outras secretarias, o Ippuc pretende levantar as condições dos trechos existentes. Para a arquiteta do setor de planejamento do Ippuc, Maria Miranda, a manutenção urbana é difícil, mas necessária. Para isso, busca-se parceria com outras secretarias para ajudar na identificação dos problemas.
A reportagem percorreu cinco grandes trechos de ciclovias e avaliou alguns aspectos como pavimentação, sinalização, iluminação, ligação entre um trecho e outro e obstáculos (veja box). O trecho que inicia da Avenida Sete de Setembro e estende-se pela Avenida Affonso Camargo, até os limites de Pinhais, na região metropolitana, é o que oferece as melhores condições de tráfego nos quesitos avaliados. Mesmo assim, em 10 minutos no local, dos oito ciclistas que passaram no trecho próximo ao Jardim Botânico, cinco andavam pela canaleta de ônibus.
Para o empresário João Gluczkowski, 50 anos, essa é uma realidade. Quem usa bicicleta para se deslocar de casa para o trabalho precisa ser ágil, o que obriga a apelar para a canaleta de ônibus. Gluczkowski sabe que a prática é a causa de muitos acidentes. Porém a falta de estrutura em alguns pontos não deixa outra alternativa para quem pedala.
Há 30 anos pedalando pela cidade, o transporte alternativo passou de necessidade à opção para Gluczkowski. Morador do Cristo Rei, ele pedala até o Mercês diariamente. Gasta 30 minutos dos 50 que levaria se fosse de ônibus. Na garagem, ele tem carro e moto e mesmo assim não abre mão da bicicleta. Para o empresário, a economia se aliou ao ganho com a saúde e ao tempo economizado.
Segundo Gluczkowski, o que atrapalha é falta de orientação aos ciclistas. Habilitado em carro, moto e caminhão, Gluczkowski lembra que já passou por inúmeros treinamentos de direção defensiva nessas modalidades, o que considera fundamental. "O ciclista deveria fazer também. O treinamento é importante para capacitá-lo e evitar problemas", alerta. Outro aspecto lembrado é a criação de ciclofaixas (veja box). Para ele, quem é contra nunca andou de bicicleta. "Haveria o respeito mútuo e não interferiríamos na passagem do pedestre", aponta.
Com investimento baixo uma bicicleta boa custa entre R$ 700 e R$ 1 mil e manutenção irrisória em torno de R$ 10 ao mês , a bicicleta também reduziria congestionamentos e poluição. Se a cidade tivesse mais suportes para fixação de bicicletas, não haveria problemas com vagas para estacionamento, por exemplo. Afinal, ela cabe em qualquer lugar. "O futuro do trânsito está no uso da bicicleta", aposta Gluczkowski.
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