Era uma noite diferente para A.S., 16 anos, e seu pai, ambos pedreiros e moradores da região metropolitana de Curitiba. A família que tinha perdido a mãe havia pouco tempo, acabara de comprar um carro e nada mais natural do que dar umas voltinhas fora de hora. Às 19h30, o passeio acabou em tiros vindos de dentro de um outro carro, com cinco pessoas dentro. Cinco balas atingiram o adolescente deixando-o paralítico. O pai morreu três dias depois. Tão surpreendente quanto o ataque foi saber que o alvo não era o garoto, mas um irmão dele, envolvido numa briga de vizinhança.
Uma tia se tornou a cuidadora de A. Há um ano moram num bairro de Curitiba, ainda sob ameaças de seus agressores, todos em liberdade. "Só prendem mesmo ladrão de galinha. Escreva aí, por favor: eu quero justiça com esses caboclos", diz o jovem, que hoje faz terapia no Instituto de Reabilitação do Hospital Erasto Gaertner. "Não tenho planos para o futuro. Só vou pensar nisso depois que voltar a andar", diz o adolescente.
R.P., 27 anos, auxiliar de pedreiro, vítima de trauma encefálico, não fala. Quem fala por ele é sua mulher, M.R., 37, ambos moradores da Região Sul de Curitiba. Há um ano, depois de um jantar com amigos, o casal decidiu voltar a pé para casa. Era 1h30 da madrugada. Atrás, de carro, vinha o resto da família. R.P. ficou esperando do lado de fora. Cerca de 30 minutos depois veio a informação de que tinha sido atropelado pelo trem. Mas as marcas deixadas no corpo são de espancamento. O acidente foi forjado. O trem levou a culpa por um crime cometido por alguém muito próximo da vítima.
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