Visitante
Vontade de conhecer a Mata Atlântica atraiu francesa a Morato
A reserva virou ponto turístico para os amantes da natureza, como a francesa Cécile Baumann, de 27 anos, que visitou Morato em novembro. Formada em Geografia, ela optou por trabalhar numa estação de esqui no inverno francês e, com o dinheiro que consegue juntar, passar parte da vida viajando.
Ela está no Brasil há um mês e pretende ficar até janeiro. Depois de conhecer outros recantos naturais, como a Chapada Diamantina, ficou sabendo da existência de Guaraqueçaba. Queria conhecer mais a Mata Atlântica. "Não existe este tipo de vegetação por lá", conta a francesa, em um português arrastado, mas compreensível.
Enquanto estava em Guaraqueçaba, recebeu a indicação para conhecer Salto Morato. Chegou de carona e se instalou no camping. Conta que gostou da cachoeira e dos passeios. Também achou suficiente a estrutura do camping.
Serviço
O ingresso custa R$ 10. Moradores de Guaraqueçaba são isentos, bem como pessoas com idade até 10 anos e acima de 60. Não há hospedagem dentro da reserva. Os alojamentos são para pesquisadores. Hotéis e pousadas em Guaraqueçaba, a 19 km de distância, podem abrigar os visitantes. A diária no camping custa R$ 15 por pessoa. Crianças são isentas. Há banheiros com chuveiros elétricos. O camping deve ser agendado: morato@fundacaogrupoboticario.org.br ou (41) 3375-9671.
Há exatos 20 anos, um dos mais preservados recantos de Mata Atlântica do Brasil teve o passado, o presente e o futuro assegurados. No dia 8 de dezembro de 1994 foi criada a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Salto Morato, em Guaraqueçaba, no Litoral do Paraná. A visitação só foi aberta para o público em 1996 e desde então cerca de 8 mil pessoas passam pela reserva todo ano. Diante da exuberância e do grau de conservação, o local é muito procurado por pesquisadores e professores universitários. Só em 2014, aulas de campo de nove universidades ocorreram na reserva.
A variedade de espécie em uma região chamada de biodiversidade é um dos indicadores da importância ambiental de uma área. E em Morato já foram encontrados 646 tipos de vegetais, 98 de mamíferos, 325 de aves, 36 de répteis, 60 de anfíbios e 57 de peixes. Mais de 70 nascentes já foram encontradas na reserva, que é maior do que 15 parques Barigui. A reserva pertence à Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, mas depois que virou RPPN, passou a ser do povo. Agora há a obrigação legal de preservar a área, seja quem for o dono.
INFOGRÁFICO: veja no mapa a localização da Reserva Natural de Salto Morato
FOTOS: confira mais imagens de Salto Morato
Com 100 metros de altura, o Salto Morato é uma das maiores cachoeiras do Paraná. O nome foi herdado da família dos donos da antiga fazenda. O salto desagua em um punhado de pedras, impedindo a presença de banhistas no local. Mas é possível se banhar, a poucos metros dali, em um aquário natural. A água é cristalina e peixes fazem companhia aos visitantes.
Árvores centenárias e outras de rara beleza, como a figueira que dá nome a uma das trilhas que podem ser percorridas pelos visitantes, com graus diferentes de dificuldades. A vegetação dos poucos espaços que tinham sido degradados, agora, 20 anos depois, está quase recomposta. Uma antiga área de pastagem para búfalos atualmente abriga centro de visitação, área administrativa e alojamentos.
Além de todos os aspectos ambientais e educacionais, a RPPN contribui, na opinião de Marion Bartolamei Silva, coordenadora de áreas protegidas da Fundação, para o desenvolvimento de Guaraqueçaba. "A reserva ainda fortalece a economia regional, pois incentiva o turismo e gera empregos diretos e indiretos na comunidade", diz. A preservação da área se reverte em repasse de ICMS Ecológico para Guaraqueçaba: na soma, já foram R$ 873 mil. Para a Fundação, a reserva custa mais de R$ 450 mil ao ano.
Pesquisa
Reserva abriga ao menos 34 espécies de morcegos
De todos os animais de Morato, nenhum faz os olhos do biológo Marcelo Rubio brilharem mais do que os morcegos. Ele ama esses mamíferos alados que são desprezados ou simplesmente vítimas de preconceito por tantas pessoas. Para entender os morcegos, Rubio trabalhou em uma das quase 100 pesquisas realizadas na reserva. Estendeu redes em locais estratégicos e passou mais de 100 noites "caçando" morcegos que eram imediatamente soltos após serem registrados.
Das 178 espécies já catalogadas no Brasil, 34 foram encontradas em Morato por vários pesquisadores. É preciso destacar que, quanto mais perto da Amazônia, maior a variedade dos bichinhos assim, a quantidade localizada na reserva é considerada vasta.
Os morcegos são importantes dispersores de sementes e agentes de polinização. Alguns tipos de plantas não são atraentes para aves e outros bichos e acabam dependendo dos mamíferos alados. Além disso, por causa da autonomia de voo, os morcegos costumam frequentar áreas abertas (descampados) que são evitadas pela maioria dos pássaros.
Alimento
A maioria das espécies encontradas em Morato se alimenta de frutas, de insetos ou de néctar. Os que gostam de sangue são raros. Conhecidos por ter um sistema de ecolocalização por ondas ultrassônicas, os morcegos também enxergam muito bem, ao contrário do que muitas pessoas pensam. Algumas espécies vivem mais de 30 anos.
* A jornalista viajou a convite da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora