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Antônio Carlos do Nascimento, que transporta a lama retirada dos escombros, diz que sua vontade é ajudar o próximo | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Antônio Carlos do Nascimento, que transporta a lama retirada dos escombros, diz que sua vontade é ajudar o próximo| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Desorganização

Doações entulhadas a céu aberto

A falta de organização estava fazendo, até a manhã de ontem, com que as doações para as vítimas das chuvas em Teresópolis permanecessem entulhadas a céu aberto e mal protegidas da chuva persistente. Enquanto isso, diversas aeronaves, em especial as cinco do Exército e outras comandadas pela Força Nacional, estavam paradas, no campo da Granja Comary, transformado em base aérea das operações de resgate.

Local de treinamentos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o campo se transformou em depósito de garrafas de água, comida, material de higiene e roupas que estão sendo doados para as vítimas da catástrofe.

Para justificar a inoperância dos helicópteros do Exército, as autoridades argumentavam que as péssimas condições meteorológicas impossibilitavam os voos. Mas os helicópteros da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros voaram à vontade, ignorando a chuva.

Os próprios soldados que estavam na Granja Comary comentavam entre si o absurdo dos helicópteros permanecerem parados. Segundo um dos recrutas, uma das aeronaves grandes estava há dois dias sem voar, com toda a sua tripulação à disposição.

Agência Estado

Minas Gerais

Chuvas afetam 81 municípios

Chegou a 81 o número de municípios mineiros que decretaram situação de emergência desde o início do período de chuvas, em outubro. Após Alagoa, o vizinho Baependi (a 380 km de Belo Horizonte), também no sul de Minas, decretou a medida. De acordo com a Defesa Civil do estado, deslizamentos de encostas e pontos de inundação desalojaram cerca de 40 pessoas e desabrigaram 14, em Baependi. Duas casas foram destruídas e 15 estão danificadas.

Devido às chuvas no sul do estado, no sábado, três equipes da Defesa Civil foram enviadas à região para dar apoios aos municípios mais afetados. O grupo, com base na cidade de São Lourenço, tem cerca de 35 homens e conta com o apoio de um helicóptero. Além de Alagoa, os focos das ações são principalmente em Aiuruoca, Carvalhos e Itamonte.

Folhapress

Antônio Carlos Viana do Nas­­cimento, 42 anos, é da cidade do Rio de Janeiro e faz parte das centenas de pessoas que foram deslocadas para o atendimento aos municípios serranos castigados pelo temporal. Ele foi avisado às pressas sobre a viagem e deixou a família preocupada em casa. Em Nova Friburgo trabalha em áreas de risco, sem previsão de quando irá voltar para casa.

Antônio não faz parte de nenhuma corporação militar e realiza um trabalho que normalmente as pessoas pouco notam. É motorista de caminhão e foi enviado pela empresa para a qual trabalha para transportar a lama retirada dos escombros. A proximidade com os militares envolvidos no resgate de corpos aumentou a vontade antiga dele de ser bombeiro. "Minha vontade é ajudar o próximo", diz.

O desejo em colaborar atrai pessoas de várias regiões, que poderiam estar em casa descansando. O coronel da reserva Getúlio Mello Pessoa, 56 anos, por exemplo, diz que não aguentou ver as cenas da tragédia na tevê e ficar em casa. "Ser bombeiro está no sangue."

A mesma vontade fez com que o sargento Marco Antônio Verli da Conceição, bombeiro há 20 anos, fosse um dos primeiros a atender as ocorrências. Um pequeno deslizamento na semana passada atingiu uma casa. Ao chegar lá, o bombeiro e mais dois colegas foram surpreendidos por um segundo deslizamento, em maiores proporções. Os três morreram.

O subchefe do Estado Maior, Itamar de Oliveira, que coordena as operações, conta que o sargento era conhecido no jargão da profissão como "bombeirão", por ter s­i­­do campeão em várias provas. Apesar da tristeza, a perda pa­­re­­­­­ce ter dado mais motivação para os colegas para continuar na missão.

O tenente Francisco Risso, que estava com eles no momento do deslizamento, relembra: "Alguém percebeu barulho e gritou ‘vai cair’. Desse momento em diante foi só reflexo. Pensei em correr o mais rápido possível e fugir da la­­ma que vinha em nossa direção. Ce­­na de filme de terror. Cenário do pior filme de terror que posso imagi­nar, de uma pessoa fugindo de uma avalanche de lama. E vi­­nha arrastando tudo".

O coronel James de Barros, comandante do 11.º Batalhão de Polícia, diz que a família de um assessor dele do batalhão também foi atingida. Para o coronel, situações como essa deixam os policiais mais apreensivos em relação ao risco, mas não desmotivados.

Vida dura

A rotina é puxada para os que trabalham na tragédia. O mecânico Jucimar Ribeiro de Jesus, 20 anos, que está ajudando no enterro das vítimas no Cemitério Municipal de Teresópolis, chegou a trabalhar até tarde da noite enterrando os corpos. Os coveiros estão de plantão no cemitério porque a qualquer momento pode chegar um caminhão do Instituto Médico-Legal com corpos para serem sepultados. "É bem triste. A pior parte é quando você vê caixão de criança e nenê", conta Jucimar. "Faço de tudo. Só não boto a mão no caixão. Acho que não vai me fazer bem."

Onde doar

Veja como ajudar:

- Ruas da Cidadania – A FAS receberá os donativos nas Ruas da Cidadania e na sede central da prefeitura. Lotes de grande quantidade de donativos podem ser informados pelo 156.

- Cruz Vermelha – Unidades da Cruz Vermelha em Curitiba receberão os donativos, que podem ser entregues na sede da instituição, na Av. Vicente Machado, 1310, Batel.

- Postos de coleta – Os postos da PRF no Paraná e as unidades do Corpo de Bombeiros do litoral também recebem donativos.

- Hospital das Nações – Os donativos podem ser entregues na recepção do hospital, na Rua Raphael Papa, 10, Alto da XV.

Depósito bancário

- Banco do Brasil: conta 110000-9, agência 0741.

- Banco Itaú: conta 00594-7, agência 5673.

- Caixa Econômica Federal: conta 2011-0, operação 006, agência 0199 (Defesa Civil do RJ)

- Bradesco: conta 2011-7, agência 6570-6 (Fundo Estadual da Assistência Social do RJ)

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