Outdoor afixado em Santa Felicidade| Foto: Sinclapol/

O Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol) apostou em uma campanha agressiva para sensibilizar a população e, ao mesmo tempo, cobrar o governo do estado. Em cinco pontos de Curitiba, a entidade afixou outdoors em que estampa índices criminais, relacionando-os ao baixo efetivo policial. A iniciativa deve ser estendida, nos próximos dias, a outras cidades do Paraná.

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Todas as peças da campanha contêm o slogan “Polícia sucateada só interessa ao bandido”. Para sustentar a tese, um dos outdoors aponta que Curitiba registrou 8.722 casos somados de homicídios e roubos no primeiro trimestre deste ano e que a Polícia Civil dispõe de um efetivo de 75 agentes para investigar esses crimes.

Em outro, o sindicato aponta o índice de roubos e furtos de carros na capital paranaense: seriam 2554 veículos subtraídos no primeiro trimestre e 39 policiais para investigar estes crimes.

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O presidente do Sinclapol, André Gutierrez, disse que a intenção é deixar claros os índices criminais e mostrar que a polícia não tem condições – por falta de efetivo e infraestrutura – de dar uma resposta adequada à sociedade.

“Será que é correto deixar a população alienada? Eu acho que não. A reclamação da população sempre vem. Então, para que o policial não passe por leniente, ou preguiçoso, queremos que a população saiba o que está acontecendo. A Polícia Civil precisa ter condições de atender a população e não está tendo”, disse Gutierrez.

Uma das principais deficiências da Polícia Civil diz respeito ao número de escrivães: são apenas 737 na ativa, ante 512 delegacias. Por causa das escalas, em média, cada unidade da polícia deveria contar com quatro escrivães. Segundo o sindicato, seriam precisos pelo menos dois mil profissionais desta função, para garantir o atendimento adequado.

Racha

 
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Alguns dos outdoors trazem, ainda, a frase “Paraná Inseguro”, em uma alusão ao programa “Paraná Seguro”, que foi o carro-chefe da gestão do governador Beto Richa (PSDB) na área da segurança pública. A ação e as manifestações recentes do Sinclapol indicam um racha com o governo, com o qual, até então, a categoria mantinha uma relação de cordialidade e diálogo. Gutierrez diz que Richa assumiu compromissos com a categoria, mas ainda não os cumpriu.

“A gente está cobrando com mais veemência os compromissos dele. Uma coisa que não ficou bem é ele dizer que nós, policiais, estamos reclamando de barriga cheia”, pontou o sindicalista.

Além da pressão pela contratação de escrivães, o Sinclapol exige o pagamento de progressões e promoções da categoria – que estariam atrasadas desde 2014 –, além da aprovação do Estatuto da Polícia Civil. Paralelamente, os policiais querem a remoção dos presos provisórios que estão custodiados em delegacia.

Os policiais e investigadores estão em estado de greve, mas não há paralisação ou atos programados. Os agentes estão devolvendo à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) os coletes balísticos que estão vencidos. Sem o equipamento básico, os policiais não devem participar de operações.

“Os novos devem chegar logo. O [secretário de Segurança, Wagner] Mesquita foi enfático ao dizer que já providenciou a compra, mas enquanto os novos não chegarem, os policial não farão atividades que necessitem de coletes”, disse Gutierrez.

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Outro lado

Por meio de nota, o Departamento da Polícia Civil disse que “reconhece e negocia a possibilidade de abertura de novos concursos para contratação de mais policiais”. Para a corporação, no entanto, “o cenário é muito melhor que na gestão anterior”. O número de investigadores, por exemplo, aumentou 26% entre 2010 e 2016, saltando para 2.843 profissionais, segundo a Polícia Civil.

Além disso, a instituição destaca ainda o efetivo de delegados. Recentemente, 65 delegados foram contratados, o que, segundo a Polícia Civil, se configura na “maior contratação da história do Paraná”. Ainda de acordo com a nota, desde 2011, foram contratados 1.780 policiais civis, o que representaria um aporte de 40% no efetivo.