Outras quatro pessoas foram agredidas na mesma noite em que um estudante negro e homossexual, de 19 anos, foi ferido gravemente com uma tesourada na barriga, em Curitiba. A informação foi repassada à polícia pelo próprio rapaz, que pediu para não ser identificado. "Tinha três homens e uma mulher que ficaram comigo no mesmo quarto do hospital (Evangélico). Eles também tinham saído da casa noturna onde eu estava", contou ele, que realizou o exame de corpo de delito ontem à tarde, no Instituto Médico Legal (IML).
Porém, nenhum deles foi à polícia após receber alta do hospital. "As vítimas dificilmente procuram ajuda por medo de expor sua sexualidade", explica a advogada Silene Hirata, do Grupo Dignidade, organização não-governamental que defende os direitos de gays, lésbicas e simpatizantes (GLS).
A cilada na saída de uma boate GLS na Rua Visconde de Nacar teria sido armada por skinheads. O rapaz foi atacado por cinco homens às 7 horas do último dia 18, um domingo, quando saía de uma panificadora na mesma rua. "Eles deram uma rasteira e, como não caí, um deles me acertou com a tesoura. Sai correndo e só escutava eles gritando que gays e negros têm que morrer", recorda o estudante, que buscou ajuda no módulo policial da Praça Osório. A todo momento, ele lembra que quase morreu. "Tenho sonhado com isso à noite. É difícil porque nunca fui vítima de tanto preconceito", diz. O rapaz ficou quatro dias no hospital e levou 20 pontos no abdômen e quatro no intestino.
O jovem não tem dúvida de que os autores da agressão são os mesmos que estão colando adesivos com frases racistas e homofóbicas no centro da capital. "Eu vi na mão deles os adesivos que diziam homossexuais molestam crianças", contou.
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