As vilas União e Icaraí, no bairro Uberaba: chacina matou oito no ano passado.| Foto: Ivonaldo Alexandre / Agência de Notiícias Gazeta do Povo

Análise

O índice de violência em Curitiba e região metropolitana (RMC) já pode ser equiparado com o de grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Esta é a opinião do advogado Dálio Zippin Filho, integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Peninteciário do Paraná. Para ele, a quantidade de mortes violentas na cidade é assustadora. "A taxa de mortalidade é muito grande para a capital de um estado que se gaba pela qualidade na segurança pública", afirma.

Zippin diz que as mortes estão relacionados a três fatores principais: o crack, o álcool e a falta de policiamento na cidade. "A junção deste elementos fazem com que nenhuma região esteja imune ao crimes. Infelizmente, o perigo está batendo na porta de todos os cidadãos", declara. Segundo o especialista, o aumento da criminalidade também na RMC se dá em razão da falta de estrutura neste município. "Não existem políticas públicas para o atendimento desta região, que vem crescendo cada vez mais", opina. "As delegacias têm poucos funcionários, mas estão superlotadas", completa.

Outro lado

Em resposta ao levantamento realizado pela Gazeta do Povo, a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp-PR) enviou uma nota alegando que a média diária de homicídios dolosos (com intenção de matar) em Curitiba no primeiro semestre de 2009 é 4% menor do que no ano 2000. No mesmo período, a população da capital teria aumentado 15%. A nota ainda afirma que a taxa de assassinatos a cada 100 mil habitantes fechou 16% menor em 2008, se comparada com a taxa de oito anos atrás.

A Sesp informou também que as estatísticas relacionadas aos crimes em todo o estado no terceiro trimestre deste ano devem ser divulgadas até o início do mês de dezembro.

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Outubro foi o mês mais violento do ano em Curitiba e região metropolitana (RMC), considerando o número de mortes causadas por ferimentos com arma de fogo. Neste período, foram registrados 145 óbitos deste tipo. O índice mais alto de violência até então havia sido constatado em janeiro, quando 135 mortes ocorreram.

O levantamento da Gazeta do Povo se baseou nos dados dos relatórios divulgados pelo Instituto Médico Legal (IML), do dia 1.º até o dia 31, e excluiu as mortes ocasionadas por acidente de trânsito ou suicídio. Os documentos não especificam se os crimes fatais estão relacionados com homicídios – dolosos (com intenção de matar) ou culposos (sem intenção) – ou latrocínios (roubo seguido de morte).

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Além deste tipo de crime fatal, em outubro, 11 óbitos foram causados por agressão física e outros nove por ferimentos com arma branca. Ao todo, são 165 mortes violentas, pouco mais de cinco por dia. No mês anterior, em setembro, foram 141 mortes: 117 por ferimentos com arma de fogo, 13 por agressão física e 11 por ferimentos com arma branca. Em comparação com o mês de outubro de 2008 - em que 108 crimes fatais foram registrados - houve aumento de 53% na quantidade de ocorrências.

Nos dez primeiros meses do ano passado, foram registrados 1.191 óbitos. Em 2009, no mesmo período, foram 1.364 mortes violentas - um aumento de 14,5% em relação a 2008 e uma média anual de 4,5 crimes fatais por dia.

Local dos crimes

Em outubro, 54% dos corpos que deram entrada no IML vieram da capital paranaense. Os 46% restantes tiveram origem na RMC. São José dos Pinhais foi o município da região metropolitana em que ocorreram mais crimes fatais: 19 no total. Um destes homicídios, no dia 2 de outubro, foi contra uma mulher grávida que, depois de ser baleada em uma estrada da região, foi abandonada morta em frente a uma maternidade.

Outras 12 cidades da RMC registraram óbitos: Colombo (14), Almirante Tamandaré (9), Araucária (6), Campo Largo (6), Pinhais (6), Rio Branco do Sul (4), Fazenda Rio Grande (3), Piraquara (3), Campina Grande do Sul (2), Campo Magro (2), Lapa (1) e Quatro Barras (1).

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Fins de semana

Seis em cada dez mortes registradas no último mês ocorreram nos fins de semana, considerados pelo IML como o período de 72 horas entre 8h das sextas-feiras e 8h das segundas-feiras. No dia 3 de outubro, um sábado, um dos crimes mais violentos do ano assustou a população. Uma chacina nas vilas União e Icaraí, no bairro Uberaba, deixou oito pessoas mortas e duas feridas. Segundo a polícia, os homicídios foram motivados pelo assassinato do "afilhado" de um dos traficantes que participou da chacina.

Novembro

De acordo com o IML, 23 mortes violentas já ocorreram nos quatro primeiros dias do mês de novembro. Entre elas, quatro foram ocasionadas por ferimentos com arma branca e 19 por ferimentos com arma de fogo. Em um dos casos, um homem de 26 anos acabou matando um garçom de um bar no bairro Batel, em Curitiba, depois de uma discussão por causa de uma garrafa de cerveja.

Em novembro de 2008, foram registrados na capital e região 143 óbitos.

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