Após 90 dias o tão esperado nascimento de filhotes de tartarugas-de-couro não ocorreu neste domingo de Páscoa na praia de Pontal do Sul, frustrando estudiosos e moradores. Passado o período previsto para a eclosão dos ovos, as biólogas do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (CEM-UFPR) devem começar a procurá-los hoje.
A pesquisadora do Projeto Tartarugas do Instituto Cananéia em parceria com o CEM, a bióloga Liana Rosa que fez o monitoramento constante durante todo o período de espera , conta que o não-desenvolvimento dos filhotes era previsto. A desova, que ocorreu no dia 8 de janeiro, foi a primeira registrada no estado e surpreendeu pelo fato de a região ser apenas uma área de alimentação, e não de postura. Geralmente as fêmeas escolhem praias mais quentes, como a costa capixaba, um dos locais preferidos. "Por conta da temperatura do nosso litoral ser mais baixa do que a ideal, previu-se que a eclosão demorasse mais que os 60 dias usuais, podendo ocorrer até 90 dias depois da desova", afirma Liana.
No entanto, as condições ambientais não contribuiram para o desenvolvimento dos embriões. A bióloga explica que além das baixas temperaturas do mês de janeiro, outros fatores podem ter interferido. "As camas ficaram muito tempo submersas e o terreno não tem uma boa drenagem. Além disso, no dia 1.º de fevereiro, as pessoas tentaram desenterrar os ovos e acabaram pisando sobre o ninho", conta.
A partir de hoje, as buscas para tentar localizar os ovos começam. Como a tartaruga faz várias camas e desova em apenas uma tudo para dificultar a vida dos predadores e tentar garantir a sobrevivência das tartaruguinhas Liana diz que não será tarefa fácil encontrá-los. Mas assim que localizados, os ovos serão levados ao CEM para serem avaliados. "Faremos uma análise completa para tentar descobrir o que impossibilitou o nascimento dos filhotes", explica.
As biólogas ainda esperam o resultado da segunda desova da tartaruga-de-couro, feita em 7 de fevereiro, na praia de Canoas, em Pontal do Paraná. Neste caso, a previsão é mais otimista. "Fevereiro e março foram meses de temperaturas elevadas, o que é muito bom para os embriões. Por isso, estamos muito mais animados em relação ao nascimento."
De acordo com Liana, a cada postura são depositados cerca de 80 ovos, mas geralmente apenas metade se desenvolve. A eclosão pode, neste caso, ocorrer em 75 dias, em virtude do clima, mas, de acordo com a bióloga, até que se passem 90 dias não se tocará no ninho.
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