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A mulher de Lula, Janja, divulgou na última quarta-feira (30) os nomes dos artistas confirmados para a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcada para o dia 1º de janeiro de 2023. A maioria dos cantores convidados criticou a tentativa de democratização da Lei Rouanet no governo de Jair Bolsonaro (PL).
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Estão confirmados Pabllo Vittar, Baiana System, Duda Beat, Gaby Amarantos, Martinho da Vila, Gilsons, Chico César, Luedji Luna, Teresa Cristina, Fernanda Takai, Johnny Hooker, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Tulipa Ruiz, Almério, Maria Rita e Valeska Popozuda. Gilberto Gil, Caetano Veloso, Ludmilla e Emicida ainda não responderam ao convite. Segundo o Gabinete de Transição, esses artistas não vão receber cachê para participar da posse.
Os artistas convidados apoiaram Lula na campanha eleitoral. A drag queen Pabllo Vittar, cantora e ativista pelos direitos LGBT, levantou uma toalha com a imagem do rosto de Lula (PT) e disse “Fora Bolsonaro”, no festival de música Lollapalooza. A cantora Valeska Popozuda, na época das eleições, também declarou voto ao PT e afirmou não aceitar os outros candidatos, pois supostamente seriam "machistas, homofóbicos e racistas". A artista também tem um "funk do Lula".
Martinho da Vila declarou voto ao petista e disse que Bolsonaro era um mau exemplo, ao jornal O Globo. Amigo de Lula, Martinho tentou visitá-lo na cadeia, quando o petista estava preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, em 2018, mas teve seu pedido negado.
O cantor e ex-ministro da cultura do PT, Gilberto Gil, também reiterou sua postura já esperada de criticar o governo de Bolsonaro e as mudanças na Lei Rouanet. Em entrevista ao The Guardian, afirmou que Bolsonaro teria uma visão “retrógrada” e “reacionária”. Ludmilla, desde o começo das eleições, afirmou que votaria em Lula e que já estava esperando o convite para cantar na posse - ela ainda não confirmou se irá cantar.
Já Emicida, antes das eleições, havia declarado que, para ele, a prisão de Lula teria sido uma injustiça, ao Canal UOL. Em outra live, o cantor criticou Bolsonaro e disse que se o povo o elegesse, poderia esperar um “genocídio”. A cantora Gaby Amarantos também é uma das que fizeram campanha para Lula. Nas eleições de 2018, já havia demonstrado seu posicionamento político. À época, ela criticou os artistas que não se manifestaram contra Bolsonaro (PL).
Há um ano, o cantor Caetano Veloso disse à Folha de S.Paulo que o retorno de Lula (PT) seria uma “volta ao passado” e que gostaria que o Brasil “desse passos para frente”. Durante a campanha eleitoral, porém, Veloso voltou atrás e declarou voto ao petista.
Lei Rouanet e a classe artística contra Bolsonaro
A revolta dos artistas contra Bolsonaro se intensificou quando o governo iniciou medidas para democratizar os recursos da Lei Rouanet, ou seja, impedir que cantores que não precisam de benefícios continuassem a receber dinheiro público e destinar os valores para artistas iniciantes. Dentre as medidas estão a redução do teto de R$ 1 milhão para R$ 500 mil por projeto e do cachê por apresentação de R$ 45 mil para R$ 5 mil.
Essas ações fizeram com que os artistas procurassem a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que integra a Organização dos Estados Americanos (OEA), para reclamar do suposto desmonte da cultura do país (o problema não foi reconhecido pela CIDH). Com essas mudanças, muitos artistas se manifestaram e alegaram censura e autoritarismo diante das decisões do governo.
Antes, na campanha eleitoral, Lula já havia assumido as dores dos artistas e, em sua campanha, prometeu retornar com o Ministério da Cultura e ampliar os recursos destinados para projetos culturais, shows e eventos.