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Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, posa com membros da comissão de juristas durante sessão de entrega do anteprojeto com alterações do Código Civil.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, posa com membros da comissão de juristas durante sessão de entrega do anteprojeto com alterações do Código Civil.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal e que convocou a comissão de juristas para revisar o Código Civil, se esquivou ao afirmar que houve “desinformação”, “incompreensão” e “falta de conhecimento” sobre os temas de família tratados durante a discussão das propostas. A fala aconteceu durante a sessão de apresentação do anteprojeto (leia na íntegra) para alterar o Código Civil, nesta quarta-feira (17).

“Esse [direito de família] é o livro mais sensível, que gera mais polêmica e, consequentemente, gerou mais desinformação. De fato, esse esclarecimento precisa ser feito”, comentou Pacheco após a fala do jurista de Pablo Stolze Gagliano, representante da subcomissão do livro de direito de família.

O jurista Gagliano afirmou, no tempo destinado à sua fala, que nas sugestões de alteração do Código Civil não havia dispositivos que tratassem sobre aborto, poligamia ou família multiespécie. “O mais interessante é que sequer haveria tempo para eu explicar para as senhoras e senhores que não há no livro de direito de família uma regra reconhecendo esse núcleo familiar [multiespécie]”, complementou.

A Gazeta do Povo apontou, em uma série de matérias, que o relatório final do anteprojeto da Comissão de Juristas apresentava diversos artigos que poderiam inovar a pauta de costumes de família, inclusive nos temas citados por Gagliano (leia o texto inicial na íntegra). Na semana final de discussões, vídeos do Senado das reuniões da comissão mostram como esses temas estavam na pauta e foram alvo de debates calorosos. Segundo juristas consultados para analisar os trabalhos da comissão, se aprovado, o texto inicial daria margens para o reconhecimento de famílias multiespécie, aborto, direito a amantes, entre outros temas controversos.

Proposta de emenda favorecia a poligamia

Durante a semana de esforço concentrado, houve momentos de exaltação entre os juristas em algumas discussões. Como aconteceu durante o debate sobre a possível revogação do artigo 550, que poderia privilegiar amantes.

Reportagens da Gazeta do Povo também mostraram outras tentativas de juristas de mudar o direito de família, como algumas emendas propostas por Maria Berenice Dias, de desconsiderar a fidelidade como dever do casamento. A proposta foi rejeitada, pois o próprio Supremo Tribunal Federal já adotou uma tese de repercussão geral que reconhece como deveres do casamento a fidelidade e a monogamia.

Berenice Dias queria outras mudanças e ameaçou sair da comissão de juristas após a decisão do colegiado de não propor alterações nos artigos 1.583 a 1.589, que tratam sobre guarda compartilhada de filhos que, segundo ela, favoreceria a alienação parental.

“Eu não consigo assinar um texto que vai ficar onde, eu que há 50 anos dedico minha vida a essas questões de família, vou acabar subscrevendo algo que se jogarmos para o Congresso – o Congresso conservador que nós sabemos que nós temos – nada vai avançar. Essa é a vitória que essas mulheres querem”, desabafou Dias. Apesar da fala, e de não comparecer nas sessões finais, o nome de Maria Berenice Dias consta no anteprojeto apresentado. A jurista também não estava na sessão de hoje no plenário.

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