Em protesto contra a não-autorização para um exame de ultra-som, o aposentado Gunars Karlis Zalite, 55 anos, quebrou um computador na unidade Itupava da Unimed Curitiba ontem pela manhã. Ao receber a negativa para a realização do exame, necessário para o controle do câncer no intestino, Zalite atirou o teclado do computador contra o monitor de LCD. "Pode estar dentro da lei o que a atendente me passou, mas é imoral ter de migrar de plano para que eles ganhem mais com a situação", diz. O plano de saúde de Zalite não cobre a maior parte dos exames.
Essa foi a terceira vez que o aposentado protestou contra a restrição na Unimed. Em 1998, quebrou o vidro de uma porta; e há dois meses, um outro computador. Na situação de ontem, exaltado, pediu que a atendente se afastasse, avisando que ele iria quebrar a máquina. A polícia chegou a ser acionada apenas por precaução. O aposentado não foi detido. "Todas as vezes que o médico solicitar para mim um exame pretendo voltar lá e quebrar. É a única maneira de sensibilizar", afirma. "O motivo é que a gente perde o rumo. As pessoas não são tratadas como seres humanos, mas como números."
Casado e pai de três filhos, Zalite tem câncer no intestino e toma cinco medicamentos diariamente. Há vinte anos ele é usuário do plano de saúde e diz que, sem o auxílio, não irá poder fazer o exame.
A Unimed explica que o plano de saúde do aposentado dá direito a apenas um ultra-som por patologia ao ano. Assim, seria necessária a migração para outro programa. "A Lei 9.656 de 1998 da Agência Nacional da Saúde regulamentou os planos e os clientes foram convidados a fazer a migração. Ele optou pelo plano antigo", afirma a gerente de atendimento Tereza Cristina Fardoski.
Foram apresentadas três opções: plano regular com mensalidade maior e sem necessidade de pagamento em consultas e exames e outros dois com a participação de 25% ou 50% sobre o custo do exame além da mensalidade. "A medida correta que nós entendemos é que o cidadão que postula um direito deve procurá-lo no Judiciário", afirma o analista jurídico da Unimed Eduardo Batistel. Segundo ele, não há estimativa do prejuízo gerado pelo aposentado. A diretoria ainda não decidiu quem irá pagá-lo.
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