Avisos no Hospital Universitário de Londrina alertam para a importância da higienização: prevenção contra a KPC| Foto: Marcelo Ramalho/HU

Revolta

Família diz que rapaz estava se recuperando

A família de Júlio Cesar Andrade Aparecido não se conforma com a explicação da superintendência do Hospital Universitário de Londrina para a morte do rapaz. Segundo a família, a bactéria KPC pode ter contribuído para que o quadro de Júlio piorasse, levando-o à morte.

De acordo com o padrasto do rapaz, Rodrigo Fernandes da Silva, a situação inicial dele era realmente desesperadora. "Mas ele havia saído da UTI, transferido para um quarto e já respirava sem aparelhos. Ele ainda não estava bem, mas vinha se recuperando", afirmou. Silva e a mãe de Júlio, Maria Luzinete Andrade, afirmam que o rapaz ficou pior depois que foi para o isolamento. "Dos sete que estavam internados naquele quarto, seis tinham a bactéria", disse Maria. O casal tem fotos do rapaz sem o respirador para provar que ele estava melhor.

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Um rapaz de 23 anos contaminado com a bactéria multirresistente klebsiella (KPC) morreu na segunda-feira no Hospital Uni­versitário (HU) de Londrina, no Norte do Paraná. Foi o terceiro caso só nesta semana. Júlio Cesar Andrade Apa­recido estava internado havia 54 dias. O HU não confirma que a morte dele tenha sido causada pela bactéria. De janeiro até agora, o HU já registrou 312 casos de pacientes com KPC e, desse total, 17 estão em estado grave. Só no mês de outubro foram 32 novos pacientes com KPC, dos quais 11 morreram.

Segundo a superintendente do hospital, Margarida Carvalho, o quadro clínico de Júlio era grave. Ele sofreu um acidente de moto e teve politraumatismo. "Ele tinha uma lesão neurológica seríssima, estava tetraplégico, pesava cerca de 150 quilos e faleceu por complicações de uma pneumonia", disse. De acordo com a superintendente, o jovem aspirou secreção, na qual não foram encontrados vestígios da KPC.

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Outras duas pessoas contaminadas pela bactéria, um homem de 27 anos e uma mulher, que não tiveram os nomes divulgados, também morreram nesta semana. Mas, segundo Margarida, ambos também estavam em estado gravíssimo. "O rapaz tinha sequelas de trauma raquimedular por causa de um tiro e a mulher, além de portadora de HIV, também tinha neurotoxoplasmose. Eles eram portadores de KPC, mas as doenças de base eram muito graves. É impossível determinar que a causa da morte foi a KPC."

Histórico

Em 28 de julho, o HU fechou o pronto-socorro, a UTI e outros setores em razão da presença da klebsiella em 27 pacientes. Algumas semanas depois, a direção reabriu o pronto-socorro pediátrico, a maternidade e a UTI neonatal e, posteriormente, a ala feminina do pronto-socorro. Limpeza, desinfecção e a transferência dos pacientes contaminados para outras alas possibilitaram que o HU reabrisse alguns setores.

No Hospital Evangélico, a en­­fer­­meira supervisora da Co­­missão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Katia Regina Gomes Bruno, informou que seis pacientes teriam sido contaminados por KPC neste ano. Desse total, dois pacientes crônicos continuam com a bactéria. "Não tivemos nenhuma morte. Entramos com todas as medidas de prevenção e controle."

A enfermeira contou que o hospital está realizando uma campanha contra a KPC. Todos os colaboradores, inclusive do setor administrativo, participaram de palestra sobre a bactéria e cartazes foram distribuídos em vários setores. "Estamos elaborando um folder de orientação para visitantes e acompanhantes de pacientes com KPC", informou. Outros três casos foram registrados no Hospital Zona Norte e um na Santa Casa de Londrina.

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Prevenção

Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tornou obrigatório o uso de álcool (líquido ou gel) para a assepsia dos profissionais de saúde, visitantes e pacientes nos hospitais públicos e privados. O objetivo é tentar conter os casos de KPC no país. Há registros de contaminação pela bactéria em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina, Paraíba e Per­nambuco. O Distrito Federal teve o maior número de ocorrências, com 18 mortes e mais de 180 casos.

Outra resolução da Anvisa determinou que, a partir de 28 de novembro, as farmácias e drogarias terão de reter uma das vias da receita médica na venda de antibiótico. A ideia é evitar o uso indiscriminado dos remédios – apontado como uma das causas para o aparecimento de micro-organismos resistentes como a KPC.

A carbapenemase (o C da KPC) é uma enzima que dá a alguns tipos de bactéria resistência a antibióticos de uso habitual. Os casos, até agora, estão restritos a pessoas hospitalizadas com baixa imunidade, como pacientes de unidades de terapia intensiva (UTIs). A superbactéria pode ser transmitida por contato direto ou pelo uso de objetos em comum.