Quatro pessoas receberam ontem, em Curitiba e Campina Grande do Sul, os órgãos retirados do corpo da bióloga paulista Amanda Lucas Gimeno, de 22 anos. Amanda teve morte cerebral quinta-feira em decorrência de um traumatismo craniano. Foi a segunda vítima do fatal desabamento da marquise na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no domingo, durante o processo de inscrição para o 26.º Congresso Brasileiro de Zoologia.
O coração da bióloga foi transplantado para um homem de 56 anos, de Curitiba, durante a madrugada de ontem, no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. De acordo com informações do hospital, ele tinha uma cardiopatia dilatada e estava na fila de espera por transplante desde março de 2005. A operação, que iniciou às 2h30, durou cinco horas. A previsão é de que o paciente fique pelo menos dez dias internado. Ontem à tarde, no mesmo hospital, uma mulher de 45 anos recebeu um dos rins e o pâncreas de Amanda, em um duplo transplante. A paciente é diabética e sofre de insuficiência renal. O outro rim foi transportado à noite para o Hospital Evangélico.
No Hospital de Clinícas (HC), em Curitiba, uma mulher de 65 anos, com cirrose hepática decorrente de hepatite tipo C, recebeu o fígado da bióloga, em uma cirurgia que iniciou às 3 horas e durou seis horas. Segundo o cirurgião do aparelho digestivo e membro da equipe de transplante do HC, Jorge Eduardo Fouto Matias, a paciente estava na fila para transplante havia mais de dois anos e deve ficar internada por pelo menos uma semana.
O médico do HC considera admirável a atitude da família de Amanda. "Apesar da tragédia que estão vivendo, eles conseguiram tomar uma decisão que beneficia várias outras famílias. Para quem está na fila de transplante, uma atitude destas é uma esperança que se renova", diz Matias.
Amanda era recém-formada em Biologia pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. A queda da marquise no auditório da UEL também provocou a morte do estudante de Biologia João César Eugênio Boscoli Rios, de 21 anos, também da USP de Ribeirão Preto. No total, 22 pessoas ficaram feridas e quatro ainda estão internadas em Londrina, em recuperação.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), até o fim de janeiro, 4.736 pessoas aguardavam na fila de transplantes no Paraná. Desses, 2.558 pacientes aguardam uma doação de rins, 1.570 esperam por córneas, 513 estão na fila por um fígado e 95 por coração. Em 2005, segundo a Sesa, foi feito um total de 824 transplantes no estado.
Transferência
A estudante da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Nicole Veiga Sydney foi transferida de Londrina para Curitiba quinta-feira. Ela está internada na UTI do Hospital Cajuru. Segundo a assessoria do hospital, Nicole está consciente e respirando sem ajuda de aparelhos. O estado de saúde é grave, porém estável. A assessoria informou que Nicole está com um fixador externo na região pélvica em decorrência da fratura na bacia. Não há previsão de alta.
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