• Carregando...

O frio que atingiu ontem o estado complicou ainda mais a situação dos pacientes de mucoviscidose, que estão temporariamente sem acesso gratuito a alguns dos remédios necessários para seu tratamento. A mucoviscidose – ou fibrose cística – é caracterizada por uma deficiência nas glândulas que pode causar a morte. Além de ingerir cápsulas com enzimas junto com todas as refeições, os doentes precisam de outros medicamentos de alto custo e uso contínuo, que por lei são fornecidos pelo governo do estado. Neste momento, porém, alguns dos medicamentos considerados essenciais estão em falta.

"O frio aumenta a dificuldade de respiração dos pacientes", afirma Shara Sampaio, presidente da Associação de Assistência à Mucoviscidose do Paraná. Os pacientes têm dificuldade de expelir secreção dos pulmões e com o frio aumentam os riscos de infecções. "As épocas de frio e de chuvas são as piores para quem tem a doença", comenta Shara.

Segundo ela, o governo do estado foi pioneiro no auxílio ao tratamento da fibrose cística. "Sempre tivemos elogios a essa gestão. No entanto, agora estão faltando remédios fundamentais", diz ela. Hoje, são 220 pacientes do estado inteiro que dependem dos medicamentos. Dificilmente alguém teria como bancar o tratamento sem auxílio público. O tratamento chega a custar cerca de R$ 20 mil por mês para cada pessoa.

Um dos itens essenciais para o tratamento da fibrose cística é a ingestão de enzimas digestivas. Um defeito no pâncreas faz com que o doente não produza as enzimas necessárias para digerir a comida. Por isso, junto com o alimento é necessário tomar a quantidade certa de enzimas. Pacientes adultos chegam a tomar aproximadamante 40 comprimidos apenas no horário do almoço.

Ontem, a farmácia da associação – que distribui os remédios fornecidos pelo governo – não tinha a enzima na sua dosagem mais forte. Assim, o paciente que tomaria 40 comprimidos mais fortes tem de tomar cerca de 70 da dosagem intermediária. "Estamos conseguindo alguns medicamentos com os laboratórios. Como eles sempre receberam em dia, estão nos fornecendo. Temos crédito. Mas essa situação precisa ser regularizada", diz Shara.

Ontem, também estava em falta a Vancomicina – um antibiótico usado para combater um tipo de bactéria que pode atacar os pacientes da mucoviscidose. Segundo a associação, este medicamento vem faltando há três meses.

O menino Dener José Pinheiro, de Ibiporã (vizinha a Londrina), está morando temporariamente no alojamento da associação, em Curitiba, junto com a mãe, Cleide de Souza Silva Pinheiro. Ele fazia a inalação com a Vancomicina três vezes por dia. Agora, não tem mais acesso ao remédio. Isso, somado ao frio, aumentou a tosse e o mal-estar do garoto. "A gente mal dorme", conta Cleide.

A boa notícia para os pacientes ontem foi a chegada de um mucolítico, que também estava em falta, e que agora voltará a ser fornecido pela associação. O remédio ajuda a destruir o muco e auxilia na respiração dos doentes.

A Secretaria de Estado da Saúde enviou ontem uma nota de esclarecimento afirmando que a situação dos remédios especiais em falta está sendo contornada e que os medicamentos estão sendo comprados e enviados pelos laboratórios. A secretaria informa que a mudança no sistema de compras – uma das causas da falta de remédios – foi necessária para regularizar o sistema.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]