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mobilidade urbana

Pacto de Dilma prevê 25 anos em 1 ano

Linha Verde Sul: problemas na execução atrasaram a obra | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Linha Verde Sul: problemas na execução atrasaram a obra (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Se depender do ritmo atual de investimentos, o governo federal levaria 25 anos para aplicar os R$ 50 bilhões em mobilidade urbana prometidos pela presidente Dilma Rousseff após a onda de manifestações que tomou conta do Brasil. Em média, foram empenhados (reservados para pagar uma obra planejada) R$ 167 milhões por mês (R$ 2 bilhões por ano) nos últimos 42 meses para construção de linhas de metrô, BRT (Bus Rapid Transport) e VLT (Veículos Leves Sobre Trilhos), entre outros modais – o equivalente a 14% dos R$ 49,3 bilhões previstos desde 2010. A promessa faz menos sentido ainda quando se leva em conta que Dilma tem apenas mais um ano de mandato, embora possa concorrer à reeleição.

A porcentagem de execução dos projetos de mobilidade só não é pior por causa da Copa de 2014. Orçadas em R$ 9,8 bilhões, os projetos do PAC da Copa tiveram empenhados 68% desse valor (R$ 6,7 bilhões) – sendo mais de R$ 2 bilhões já pagos por serviços feitos. Do valor total, 40% virão de contrapartidas de estados e municípios.

Mas até mesmo os projetos da Copa pare­cem pa­tinar. Segundo o Portal da Transparência, da Con­troladoria-Geral da União (CGU), apenas seis das 57 ações de mobilidade urbana previstas têm mais de 50% de execução física concluída. Além disso, 13 ainda não tiveram o financiamento contratado.

Excluindo as obras da Copa, uma busca no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) – ferramenta de acompanhamento do orçamento federal – revela que a execução dos projetos é ainda mais lenta. Desde 2010, dos R$ 3,9 bilhões previstos em orçamento para as ações de mobilidade urbana e trânsito, apenas R$ 243,8 mil foram empenhados.

Para Gil Castello Branco, diretor da ONG Contas Abertas, mais dinheiro para mobilidade não resolverá os gargalos do trânsito no país. "O problema é a execução pífia dos projetos. Essas obras talvez sejam as mais difíceis de serem realizadas porque implicam em regiões já consolidadas. Muitas vezes, os municípios sequer têm projetos para implantá-las."

Apesar de ver com bons olhos o incremento na área, o secretário de Planejamento de Curitiba, Fábio Scatolin, reconhece certa dificuldade na elaboração dos projetos. "Mais do que recursos financeiros, a capacidade para formular tem de ser levada em conta. O país ficou mais de 20 anos sem fazer grandes projetos e muito dessa capacidade se perdeu."

Paraná almeja R$ 4,5 bi para a Grande Curitiba

Chico Marés

A prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná pediram, juntos, R$ 4,5 bilhões ao governo federal para 16 projetos de mobilidade urbana na capital e região metropolitana. O prefeito Gustavo Fruet (PDT) e o secretário estadual de Desenvolvimento Ur­bano, Ratinho Júnior, apre­sentaram as propostas on­tem, em Brasília, à ministra do Planejamento, Miriam Bel­chior, na tentativa de incluí-las no pacote R$ 50 bilhões anunciado pela presidente Dilma Rousseff.

Desse montante, R$ 3,25 bilhões seriam para 11 projetos em Curitiba. Entre as obras sugeridas estão a criação do segundo e do terceiro anel viário, com canaletas exclusivas para ônibus interbairros; a construção de novos terminais de ônibus; e a conclusão da Linha Verde Norte.

Fruet destaca que um novo projeto, que ainda não havia sido anunciado pela prefeitura, também foi apresentado. Trata-se de um veículo leve sobre pneus (VLP) ligando a região norte da capital ao Centro, em um traçado de 30 quilômetros. O projeto foi desenvolvido pela equipe do ex-governador do Paraná Jaime Lerner.

Durante a reunião, Fruet informou também a situação do metrô. De acordo com ele, a prefeitura deve pedir mais dinheiro para a obra. Entretanto, só será possível saber exatamente quanto é necessário depois do procedimento de manifestação de interesse (PMI), que será concluído em agosto (leia mais nesta página).

Corredores de ônibus

Já o governo estadual apresentou cinco projetos – somando, no total, R$ 1,25 bilhões. O principal é o corredor metropolitano, que ligará sete municípios da RMC e custará R$ 707 milhões. Os outros quatro são corredores de BRT ligando municípios da Grande Curitiba aos eixos de transporte urbano da capital. Serão beneficiados Fazenda Rio Grande, Colombo, Pinhais, Araucária, Piraquara e São José dos Pinhais.

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