O padre Júlio Lancellotti, pedagogo, teólogo, sempre foi considerado uma autoridade quando o assunto é a defesa dos direitos humanos e o trato com menores infratores. Nos últimos meses, no entanto, ele ocupou espaço na imprensa por outro motivo: foi acusado de abusar sexualmente de menores e de desviar dinheiro de entidades assistenciais para dar a Anderson Marcos Batista, ex-interno da Febem, com quem teria uma relação amorosa.
Verdade ou mentira? O episódio dividiu a opinião pública. Nesta semana, a polícia concluiu o inquérito que investigava a denúncia feita por Lancellotti de que era chantageado por Anderson e seus comparsas. Foi descartada totalmente a possibilidade de o padre ter dado dinheiro por livre e espontânea vontade. No inquérito encaminhado à Justiça, a polícia afirma que o religioso foi chantageado pela quadrilha, também formada pela mulher de Anderson, Conceição Eletério, e os irmãos Everson e Evandro Guimarães. Todo o grupo foi indiciado pelo crime de extorsão.
Mesmo assim, o juiz da 31.ª Vara Criminal, Caio Farto Salles, deverá pedir que sejam ouvidas mais pessoas que tiveram contato com os presos que foram denunciados pelo religioso.
Contradições
A história toda é recheada de contradições. Até agora não há provas concretas do comportamento inadequado de Lancellotti nem testemunhas que confirmem a versão do ex-interno da Febem. Uma mulher que seria ex-funcionária da Casa Vida, entidade da qual o religioso é diretor voluntário, foi ouvida pela polícia no inquérito aberto contra ele por suposta corrupção de menores. Ela teria visto o padre beijando um adolescente na boca, dentro da instituição.
Ao depor, a mulher, que não teve o nome revelado, disse nunca ter presenciado atos libidinosos e de violência praticados pelo padre Júlio Lancelotti. As informações dela também perderam força por alguns motivos: não havia certeza de que ela trabalhou na Casa Vida; ela foi indicada aos policiais pela Rede Record, do bispo Edir Macedo e da Igreja Universal; e ela também teria ligações com o ex-presidente do sindicato dos trabalhadores da Febem Antônio Gilberto da Silva, que já teve enfrentamentos públicos com Lancellotti.
Desafetos
Não foram poucas as manifestações a favor de Lancellotti ressaltando o fato de ele ser uma pessoa que "incomodava" muita gente. Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, em São Paulo, disse: "Há muito interesse por trás. Ele tem muitos desafetos."
A relação do religioso com a imprensa também foi tensa em alguns momentos. Em janeiro do ano passado, a revista Veja publicou uma matéria defendendo o projeto da prefeitura que pretendia demolir dez quarteirões do centro de São Paulo, área considerada degradada, para oferecê-la à iniciativa privada. A reportagem atacou o padre, que defendia os sem-teto que ocupavam essas áreas.
O faxineiro Everson Guimarães, um dos acusados de extorquir dinheiro do padre, disse à polícia que nunca viu nenhuma ação que indicasse que o religioso praticou corrupção de menores ou pedofilia. O que ele contou é que o padre ia atrás de Anderson "quase que todos os dias" e que quando o religioso não o localizava "ficava nervoso". O faxineiro afirmou também que o padre parecia dar o dinheiro a Anderson "porque queria".
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