Literalmente uma montanha de lixo produzido em Curitiba é enterrada. São 900 mil toneladas ao ano que vão para o aterro. Além do enorme prejuízo ambiental, é caro recolher e dar destinação a essa quantidade enorme de resíduos. Cada tonelada custa R$ 242,50 aos cofres públicos. Como o volume de lixo na cidade está crescendo, ano a ano, caminhando para uma conta que será difícil de pagar, uma das saídas apresentadas é acabar com a remuneração por tonelagem e implantar um sistema que incentive a redução da geração de lixo.
Essa foi a proposta apresentada na tarde desta terça-feira (16), no Mercado Municipal, em uma audiência pública que discute a gestão de resíduos na cidade. A prefeitura de Curitiba pretende – com base num modelo criado pelo International Finance Corporation (IFC), um braço do Banco Mundial – realizar ainda neste ano a licitação para escolher a empresa que ficará responsável pela coleta e transporte dos resíduos, além da limpeza urbana. Para tentar diminuir custos, o sistema prevê a remuneração não mais pelo peso, mas por indicadores de eficiência.
Mas aí bastaria recolher menos lixo, deixando na frente das casas, para a empresa receber mais? A prefeitura afirma que não será assim. Mesmo porque entre os itens avaliados para definir a remuneração está a reclamação do usuário. Ou seja, cada vez que a coleta deixar de ser realizada ou o lixo ficar espalhado – e a situação for verificada por fiscalização ou queixa dos moradores – a empresa será descontada. Para reduzir a quantidade de lixo gerado seria necessário investir em estratégias de comunicação e educação ambiental.
“O modelo está chegando ao esgotamento e ao limite da capacidade de gastos”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Renato Lima. A prefeitura compromete R$ 244 milhões ao ano com o lixo e não arrecada nem a metade com a taxa cobrada junto com o IPTU. Além disso, há questões ligadas à eficiência do sistema. Apenas 8% dos resíduos são reciclados.
Transporte
A estimativa é de que o transporte consome 70% da despesa com resíduos na capital. Para tentar diminuir o “passeio do lixo”, o novo modelo de gestão prevê que os dejetos serão levados a estações de transbordo – ou áreas de transferência – e lá serão separados e depois carregados por veículos maiores. O número de estações e os locais serão definidos pela empresa vencedora, mas precisam ser ao menos duas, em regiões distantes do local de destinação final.
Em etapas
As definições sobre o tratamento do lixo e de destinação para aterro devem acontecer somente em 2017. A prefeitura pretende implantar o modelo MBT, sigla em inglês para Tratamento Mecânico e Biológico. Também chamado de biossecagem, será um sistema de separação do lixo recolhido. Braços mecânicos com imãs “puxam” os materiais ferrosos.
A água – que faz o resíduo ficar pesado – também será retirada. Parte do material com potencial combustível será enviado para fornos de indústrias de cimento. O que tiver potencial de reciclagem será retirado. O que sobrar será compactado, para ocupar menos espaço, e enviado ao aterro sanitário. O método pretende reduzir pela metade a quantidade de resíduos que são enterrados.