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O pai do menino Henry Borel, Leniel Borel, e a avó paterna, Noeme Camargo, receberam uma carta do Vaticano com uma mensagem do papa Francisco. Os dois também receberam a bênção apostólica do pontífice. A carta foi divulgada pela GloboNews.
Uma tia da família paterna do menino escreveu para o papa e contou o que havia ocorrido com a criança, segundo informações do canal de televisão. Por esse motivo, o pai e a avó receberam o documento com a mensagem da Santa Sé.
O menino, de 4 anos, morreu em 8 março. A mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, vereador Dr. Jairinho, estão presos e foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado.
Assinada pelo monsenhor Luigi Roberto Cona, assessor para assuntos gerais da Secretaria do Vaticano, a carta traz a seguinte mensagem do papa: “O Santo Padre conta com a senhora Noeme e o senhor Leniel para contrastarem a cultura da indiferença e do ódio que sentem crescer ao seu redor; não se deixem contaminar pelo ódio, transformando-se à sua imagem e semelhança. Sejam do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal, dizendo-lhes: «Não tereis o meu ódio!» Deste modo ajudarão a parar o mal, como fez Abraão quando pediu a Deus para não exterminar os justos com os culpados (cf. Génesis t8, 23-32)”.
No fim da carta, o papa Francisco concedeu também a bênção apostólica ao pai e avó paterna de Henry Borel.
Leia a carta na íntegra:
“Vaticano, 24 de abril de 2021
Prezada Senhora,
O Santo Padre recebeu a carta, triste e aflita que lhe enviou no dia 14 deste mês de abril, contando nela as horas amargas que vive o povo brasileiro e também a loucura humana que levou ao massacre do pequenito Henry Borel. E, neste momento, seus familiares sentem que precisam de fortalecer a sua fé unindo os seus corações ao coração do Sucessor de Pedro, cuja fé conta com um apoio especial de Jesus (cf. Lc 22, 32) para poder confirmar a fé dos seus irmãos.
Considerando o caso dramático referido na missiva, o Papa Francisco incumbiu-me de assegurar a sua paterna vizinhança e solidariedade ao pai Leniel Borel e à avó Noeme Camargo, confiando-os à proteção da Virgem Maria com os desejos bons que cada um traz no coração: deixem-se reconhecer como amigos de Jesus; a todos chamem amigos e, de todos, sejam amigos. O Santo Padre conta com a senhora Noeme e o senhor Leniel para contrastarem a cultura da indiferença e do ódio que sentem crescer ao seu redor; não se deixem contaminar pelo ódio, transformando-se à sua imagem e semelhança. Sejam do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal, dizendo-lhes: «Não tereis o meu ódio!» Deste modo ajudarão a parar o mal, como fez Abraão quando pediu a Deus para não exterminar os justos com os culpados (cf. Génesis t8, 23-32). Basta-lhes uma só pessoa boa, para não odiarem todas as pessoas. É quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Leniel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração; mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo. Propiciadora de luz e assistência do Alto para a senhora Noeme e para o senhor Leniel Borel e quantos vivem ao seu redor, o Papa Francisco concede-lhes a Bênção Apostólica.
Valho-me do ensejo para lhe testemunhar meus sentimentos de fraterna estima em Cristo Senhor.
L. Roberto Cona
Mons. Luigi Roberto Cona
Assessor".
Mãe e padrasto de Henry Borel são denunciados pelo MP
O laudo de necropsia mostrou que o Henry Borel morreu por hemorragia interna e laceração hepática, causada por ação contundente, além de hematomas, edemas e contusões.
O vereador Dr. Jairinho, padrasto da criança, e Monique Medeiros, mãe do menino, foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa da vítima). Além do homicídio, Jairinho e Monique foram denunciados por fraude processual e coação no curso do processo.
A mãe de Henry Borel foi denunciada também por falsidade ideológica por apresentar declaração falsa no hospital que atendeu a criança em 8 de março. Ainda de acordo com a denúncia, Monique Medeiros vai responder por omissão imprópria, pois, por saber das agressões, tinha o dever legal de afastar Henry de Jairinho, o que não ocorreu, segundo o MP.
Os dois estão presos. Tanto a defesa de Monique Medeiros quanto a do vereador Dr. Jairinho afirmam que não tiveram envolvimento com a morte do menino. A versão deles é de que a criança foi encontrada desmaiada em casa, foi socorrida por eles, mas morreu no hospital.