Policiais civis de Alagoas prenderam, na tarde desta segunda-feira (28), Everaldo Pereira dos Santos, pai da menina Eloá Cristina Pimentel, 15 anos. Ele estava foragido e foi encontrado em um sítio nas imediações de um conjunto habitacional, em Maceió.
Eloá foi sequestrada e morta pelo ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes, de 22 anos, no dia 17 de outubro de 2008, dentro de um apartamento em Santo André, no ABC.
Para José Edson Freitas, delegado geral adjunto de Maceió, disse ao G1 que Everaldo era monitorado desde a morte da filha Eloá, em outrubro de 2008. "O mandado de prisão foi expedido pelo juíz de Alagoas naquela época, logo que o identificamos em uma imagem de TV, recebendo atendimento médico após a morte da filha."
Freitas afirmou que Everaldo foi preso na casa de uma cunhada dele. "Descobrimos que ele estava no sítio há dez dias. Provavelmente passaria as festas de fim de ano na região. Cercamos a casa e ele ainda tentou fugir pulando o muro. Não estava armado e foi levado para a sede da Polícia Civil, onde prestará depoimento."
O delegado disse ainda que Freitas tomará ciência de todas as acusações que tem na Justiça de Alagoas. "Ele sabe que é um arquivo vivo. Ele nos disse que temia ser morto como queima de arquivo. Everaldo ainda tem muita informação para ajudar a polícia a esclarecer crimes, principalmente de homicídios."
Freitas afirmou ao G1 que Everaldo circulou por vários estados durante a fuga desde a morte de Eloá. "Sabemos que ele passou por dois estados, pelo menos, e pela Bolívia, informação que já nos foi confirmada por ele logo após ser preso hoje. Ainda vamos esclarecer por onde ele passou. O fato de ele ser ex-policial pode ter ajudado durante todo esse tempo de fuga."
Condenação
Mesmo foragido, o ex-militar, acusado de integrar a Gangue Fardada, foi condenado, em novembro deste ano, a 33 anos de prisão por envolvimento no assassinato do delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa.
O crime ocorreu em outubro de 1991, época em que o delegado investigava um crime ocorrido na Unidade de Emergência e que tinha como principal suspeito o grupo ligado ao ex-tenente coronel PM Manoel Cavalcante.
Morte de Eloá
Os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo negaram, em 15 de dezembro, o recurso impetrado pela defesa de Lindemberg Alves Fernandes, para anular a sentença do juiz de Santo André, que leva o réu a júri popular.
Desse modo, Lindemberg, acusado de sequestrar e matar a ex-namorada Eloá, será mesmo julgado por um júri composto por pessoas comuns. A informação é da assessoria de imprensa do TJ. A data do julgamento, no entanto, ainda não foi marcada.
Foi o juiz José Carlos de França Carvalho Neto, da Vara do Júri e Execuções Criminais de Santo André, quem decidiu no dia 8 de janeiro que Lindemberg Alves, de 22 anos, iria a júri popular pela morte de Eloá.
O crime
Nayara Silva, Eloá Cristina Pimentel, e mais dois adolescentes foram feitos reféns por Lindemberg no dia 13 de outubro do ano passado em um apartamento em Santo André. Os dois jovens foram libertados no mesmo dia e as duas meninas seguiram no apartamento. Nayara deixou o local no dia 14, mas retornou no dia 16 após uma tentativa frustrada de negociação. No dia seguinte, a polícia invadiu o apartamento e as duas acabaram baleadas. Eloá, que era ex-namorada de Lindemberg, morreu atingida por dois tiros.
Ele irá responder por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), duas tentativas de homicídio (contra Nayara e um sargento da Polícia Militar), cárcere privado e disparo de arma de fogo.
Testemunhas
Em janeiro, a estudante Nayara Silva, de 15 anos, foi a primeira a ser ouvida pelo juiz que determinou que Lindemberg fosse a júri popular. Durante o depoimento de quase duas horas, ela respondeu todas as perguntas feitas. Manteve o discurso que deu à polícia sobre o motivo do sequestro. "Ele entrou [no apartamento] para matar a Eloá. Não admitia que ela não o aceitasse de volta", teria dito a menina, segundo o Tribunal de Justiça.
As testemunhas de defesa, vizinhas e amigas da família dele, disseram desconhecer histórico de violência por parte do réu contra a ex-namorada Eloá.