Ponta Grossa A suposta dívida do filho com traficantes fez um auxiliar de serviços gerais de 41 anos ficar em poder de seqüestradores por aproximadamente 24 horas, em um barraco na periferia de Ponta Grossa. Ele ia para o trabalho, na manhã de segunda-feira, quando foi surpreendido por três homens armados. Teve as mãos amarradas e os olhos vendados e foi agredido fisicamente. Foi libertado apenas na manhã de terça-feira, sem a bicicleta, o telefone celular, a carteira com os documentos e R$ 60 em dinheiro.
Para a vítima, a única explicação para o seqüestro seria o envolvimento de um dos seus sete filhos com traficantes. "Sei que meu filho está envolvido com drogas. Ele disse que usa, mas não confirmou que estava devendo. Mas deve estar", comenta. Além de ter seus pertences roubados, o trabalhador conta que a todo momento os criminosos pediam dinheiro e faziam ameaças. Antes de libertá-lo, os seqüestradores teriam ligado para a esposa da vítima exigindo o resgate. O valor não foi divulgado.
Segundo o auxiliar de serviços gerais, o filho que mora com a tia tem 19 anos, não trabalha e não estuda. "Pedi para ele largar disso, mas não adianta falar. Um dos meus sobrinhos já está preso por tráfico e o meu filho não quer sair desse problema." Agora, a família vive com medo e diz não saber o que fazer. "O telefone não pára de tocar. Já recebi diversas ameaças. Estou numa situação em que não posso sair de casa, não posso trabalhar e não durmo mais. Eu fico sem poder dar tranqüilidade à minha família", diz.
A vítima comentou que sabe quem seriam os responsáveis pelo crime, porém disse que recebeu ameaças de morte caso fizesse a denúncia. Um dos agressores, de acordo com a vítima, já teria mandado de prisão expedido pela Justiça. Segundo a Polícia Civil, o auxiliar de serviços gerais, em seu depoimento, confirmou que foi vítima de seqüestro. A polícia já iniciou as investigações e realiza diligências na região onde a vítima identificou como sendo o local do cativeiro. Na última operação, policiais foram até o barraco, porém as pessoas que estavam nas proximidades fugiram para um matagal.
Caso único
O delegado Danilo Cesto, da Antitóxicos de Ponta Grossa, ressalta que normalmente as vítimas de violência provocada por traficantes são os próprios dependentes. "Acredito que esse é um caso único na cidade, pois não existem relatos de agressão e ameaças contra familiares de usuários. Geralmente quem tem a dívida é que é ameaçado", pondera.
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