O casal suspeito de abuso sexual contra o filho de sete dias pode deixar a prisão na semana que vem. O pedido para que os pais da criança, que morreu, possam responder o processo em liberdade provisória tem parecer favorável do Ministério Público Estadual. A decisão do juiz Ronaldo Sansone Guerra deve ser anunciada quinta-feira.

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Ontem, em uma passeata cerca de 50 pessoas protestaram contra as prisões enquanto o assessor político Nilson Moacir Oliveira Cordeiro e sua companheira, a secretária Any Paula Fascolin, eram interrogados na 2.ª Vara Crimininal de Curitiba. Os manifestantes saíram do Instituto Médico Legal (IML), na Avenida Visconde de Guarapuava, e foram até o Centro Cívico com faixas exigindo a liberdade de ambos.

O casal está há mais de cem dias no sistema penitenciário, pois um laudo do IML diz que a criança morreu de infecção generalizada, vítima de abuso sexual. Entretanto, um parecer médico indica que a criança era portadora de uma doença rara, a Síndrome de Fournier, a qual degenera a região próxima do ânus.

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Interrogatório

No interrogatório de quatro horas, os pais reafirmaram inocência. Ambos relataram detalhes do relacionamento de dois anos e meio. O casal também foi questionado a respeito das outras três crianças que estão sobre sua tutela, filhos de outros relacionamentos de ambos.

Os dois contaram ainda detalhes da relação, alguns picantes, confirmando o conteúdo de e-mails encontrados pela polícia. Mas sempre se posicionando como vítimas da injustiça.

Por outro lado, o pai relatou que chegou a ser preso por policiais civis, na faculdade (é acadêmico de Direito), enquanto o filho estava internado. "Um homem ligou, dizendo que era médico e precisava falar comigo sobre meu filho. Fui preso e algemado na porta faculdade, sendo levado para o 1.º Distrito Policial, onde fui ouvido e liberado em seguida. Depois, fomos presos de novo no hospital, no dia em que o meu filho morreu", afirmou o pai, dizendo que seria incapaz de tocar num fio de cabelo da criança.

Cordeiro disse ainda que o filho foi muito esperado, embora a gravidez não tenha sido planejada. "Sempre estive presente, acompanhei inclusive o pré-natal. Fiz questão de destacar que sou soropositivo [portador do vírus da aids]", afirmou.

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Já a mãe disse que foi questionada por um médico (do Hospital e Maternidade Mater Dei, onde a criança morreu) sobre uma lesão no ânus do filho. Ela deixou claro que o casal notou que a criança tinha alguns sinais pós-parto, como o saco escrotal inchado, além de manchas vermelhas. A mãe contou que um dia antes da morte chegou a reparar manchas nas nádegas do bebê, por volta das 14 horas. Entretanto, só pôde levar a criança ao hospital por volta da meia-noite por falta de carona.

Investigações

O governo estadual anunciou ontem que todas as investigações relacionadas a crimes praticados contra crianças e adolescentes terão prioridade absoluta das polícias Civil e Científica.