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Educação

Pais apertam o cinto para pagar reajuste na mensalidade escolar

A chegada de um novo ano para quem tem filhos estudando em colégios particulares significa readequação do orçamento familiar. Em 2007, as mensalidades na maioria das instituições privadas de ensino do Paraná devem aumentar entre 4% e 6%, segundo estimativa do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe). O porcentual é superior ao reajuste salarial recebido por algumas categorias. "Chega num patamar que a renda das famílias não comporta o preço das mensalidades", avalia o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A família de Joel Miranda Gabilan já começou a calcular as despesas extras para o ano que vem. O gasto com as mensalidades da escola dos dois filhos – Vinícius, 8 anos, que irá para a 3.ª série do ensino fundamental, e Guilherme, 14 anos, que vai para o 1.º ano do ensino médio – aumentará R$ 89,30 por mês, um acréscimo de 17,53% ao que vem sendo pago atualmente. No ano, a cifra chegará a R$ 1.071,60 a mais. "A gente não consegue compensar esses gastos com a venda de carros usados (a família é dona de uma revenda de automóveis). O nosso negócio não chega a acompanhar esses aumentos", diz Clara Gabilan, mãe dos meninos.

Além disso, Clara calcula que nos primeiros meses ainda haverá um gasto de aproximadamente R$ 750 para comprar uniformes, livros e outros materiais. "Para nós é sempre pesado o começo do ano. A gente tenta se adaptar com os novos gastos. Neste ano foi muito difícil para o nosso orçamento acompanhar as despesas com a escola", afirma Clara. Ela conta que Vinícius consegue reaproveitar alguns livros e uniformes que já foram de Guilherme, mas este terá de ganhar roupas novas. "O uniforme muda no ensino médio", explica o garoto.

Cerca de 25% do orçamento da família Gabilan é investido na educação dos filhos, o que inclui mensalidades, alimentação, condução e outras atividades. "Às vezes fica difícil. A gente chega a atrasar o pagamento e acaba dando um jeito", conta Clara. "A prioridade é para eles. A educação em uma boa escola é a única coisa que a gente deixa para os filhos."

Os dois garotos estudam no Colégio Adventista do bairro Portão. De acordo com o assistente financeiro da escola, Malton da Silva, o reajuste das mensalidades para 2007 foi estipulado em 6,5% para cobrir despesas com o aumento salarial dos professores. "Essa foi a escola mais em conta que eu achei e acredito que seja uma das melhores. Conseguimos desconto por termos os dois filhos lá. A mensalidade do Guilherme vai ficar mais cara porque a carga horária do ensino médio é maior", explica Clara.

Pesquisa

A Gazeta do Povo consultou o valor do reajuste das mensalidades para 2007 em nove escolas de Curitiba: Adventista, Dom Bosco, Expoente, Medianeira, Nossa Senhora de Fátima, Opet, Positivo, Sagrado Coração de Jesus e Saint Michel. A maioria confirmou que o aumento ficará entre 4% e 6%. Além do Adventista, que ficou 0,5% acima do patamar, o Nossa Senhora de Fátima informou que o reajuste será de 8%. "Se fôssemos pela planilha de gastos que está no Sinepe, nosso aumento seria de 16%. Nosso preço foi ditado por uma pesquisa feita no mercado ao nosso redor. Estamos investindo em laboratório, biblioteca e anfiteatros", justifica a contadora da escola Irene Lopes. O menor aumento foi no Colégio Sagrado Coração de Jesus: 2,8%.

De acordo com o presidente do Sinepe, José Manoel de Macedo Caron Júnior, as escolas não são obrigadas a seguir o valor sugerido pelo sindicato. "Os números são apenas um indicador para apontar às escolas uma espécie de banda máxima e mínima para o reajuste. Por outro lado, as escolas têm liberdade de reajuste de acordo com suas planilhas de gastos", explica.

Os valores apontados pelo Sinepe têm como base a expectativa de reajuste salarial para os professores e o índice inflacionário para 2007. Para calcular o valor do aumento, as escolas elaboram um orçamento com a projeção de despesas para o ano seguinte com base nos gastos atuais. "Algumas escolas estão ficando defasadas porque a clientela não tem agüentado esses aumentos", lamenta Caron Júnior.

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