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Boate

Pais de vítimas de incêndio na Kiss fazem homenagens

Pais que perderam filhos em grandes tragédias disseram que se mantêm estado de luto permanente e fazem da luta pela condenação dos culpados e pela segurança de quem sai para se divertir a razão de suas vidas durante encontro neste domingo, 26, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. "Fazer esse serviço é uma forma de superar o trauma", afirmou Sérgio Silva, que perdeu um filho no incêndio da boate Kiss, na cidade gaúcha, em 27 de janeiro de 2013. "É inconcebível pensar que a dor passa, ela nos acompanha para sempre", revelou Nilda Cruz, mãe de um estudante morto na boate Republica Cromañón, em Buenos Aires, em 30 de dezembro de 2004. "Se vamos viver assim, temos de fazer algo, botar os responsáveis na cadeia e trabalhar pela memória de nossos filhos", complementou.

Nilda, Silva e outros quatro pais - dois argentinos e dois brasileiros - compartilharam a dor de perder pessoas próximas em tragédias semelhantes e como passaram a viver desde então com os participantes do Congresso Internacional Novos Caminhos - A Vida em Transformação, promovido pela Associação das Vítimas e Familiares das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) para marcar o primeiro ano do incêndio que matou 242 pessoas na casa noturna da cidade gaúcha, em uma das atividades deste domingo. O evento começou no sábado, 25, e prossegue até esta segunda-feira 27.

A Associação Família Pela Vida, criada em Buenos Aires, já viu a Justiça prender 15 responsáveis pela tragédia, entre músicos, donos, gerentes e funcionários da boate e agentes públicos, e o então prefeito da capital argentina, Aníbal Ibarra, ser destituído. E se dedica a campanhas educativas voltadas aos jovens, para que exijam segurança dos locais onde vão para se divertir. A AVTSM demonstra descontentamento com o processo criminal, que acusou dois músicos e dois administradores da boate, por entender que há toda uma cadeia de culpados por falhas e omissões na concessão de alvarás e licenças. E também vem se mobilizando para pedir segurança em casas noturnas.

"É só a adoção de uma cultura permanente de segurança que vai nos permitir dormir em paz enquanto nossos filhos se divertem", afirmou o argentino Juan Alberto Lizarraga.

Paulo Carvalho, de São Paulo, que perdeu um filho na Kiss, apresentou levantamento que fez de tragédias semelhantes desde os anos 1940, observou que o crescimento do número de casas noturnas no mundo não foi acompanhado de normas de segurança adequadas. "O que queremos hoje é lutar pelos nossos filhos de melhor maneira possível", afirmou.

As homenagens às vítimas da tragédia de Santa Maria prosseguem nesta segunda-feira. Durante a madrugada haverá vigília diante do prédio no qual funcionava a casa noturna. No final da tarde, os mortos serão lembrados em ato público na praça Saldanha Marinho. Ao longo do dia haverá diversos cultos religiosos.

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