Até meados do ano passado, a autônoma Tereza Cristina Lopes, de 42 anos, tinha como única profissão confeccionar e vender cortinas, mas após o filho adolescente ocupar a escola em que estuda para reivindicar melhorias no ensino público de São Paulo, aprendeu a mexer com imagem, coletar depoimentos e matérias jornalísticas. O jovem, com outros companheiros de classe, alega agressão de policiais militares durante protestos contra a reorganização escolar proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), e todo material reunido desses atos será apresentado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos em Washington, nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (7).
No início das ocupações, em novembro último, Tereza passou a frequentar diariamente o portão da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na Zona Oeste da capital, e a segunda de mais de 200 tomadas no estado. Ali conheceu outros pais aflitos com a situação dos filhos. Criou-se então o Comitê de Mães e Pais em Luta, para monitorar cada passo dos jovens. Nos primeiros confrontos com policiais militares, iniciaram uma coleção do que chamam de provas contra a corporação. O acervo ganhou mais forma com o apoio da ONG Artigo 19, que desde 2013 acompanha ações em protestos.
“Tendo em vista este cenário muito problemático com os estudantes, a gente decidiu submeter um pedido formal na Comissão, no intuito de evidenciar que o estado brasileiro continua se submetendo a uma série de violações aos direitos humanos, principalmente com o agravante de que foram cometidas contra adolescentes”, explica a advogada da organização Camila Marques, que fez a solicitação em dezembro.
Participam da audiência, além de Tereza e Camila, três estudantes que estiveram nas manifestações. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que acompanhará a oitiva.
“Nosso foco é a denúncia, porque nossos filhos continuam sendo parados pela polícia e constrangidos dentro das escolas”, acusa Tereza.
Doações para viagem
A viagem do grupo foi toda custeada por doadores. Após o Comitê sinalizar que iria ouvir o grupo, no fim de fevereiro, foi feita uma campanha em um site para arrecadação de R$ 20.800, valor que cobriria alimentação, passagem e hospedagem dos cinco. Em oito dias, segundo o grupo, a meta chegou a R$ 24.007. O montante que sobrou será doado para o Comitê de Mães e Pais em Luta.
“Será uma grande oportunidade para, mais uma vez, demonstrar à Comissão que Brasil está sofisticando seu aparato repressor ao invés de se adequar às práticas e padrões internacionais”, conclui Camila, que esteve presente em duas ocasiões anteriores.
A SSP informou que vai “demonstrar novamente que não houve nenhum abuso de forças policiais na contenção de distúrbios em manifestações”.
A pasta disse ainda que acompanhou os protestos e que “atuou quando houve desrespeito à Constituição Federal com danos ao patrimônio, seja público ou privado, incitação de crime ou tumultos e badernas nas ruas, que prejudicavam o deslocamento de milhões de paulistas”.
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