A Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) do Colégio Estadual Carlos Alberto Ribeiro, de Bocaiúva do Sul, região metropolitana de Curitiba, decide hoje se vai permitir a retomada das aulas, paralisadas há 15 dias. Desde o dia 5 de março, 1.450 alunos de 5.ª a 8.ª séries e do ensino médio deixaram de ir à escola. A APMF suspendeu as aulas para pressionar o governo do estado a construir cinco novas salas de aula.
As instalações, ainda que provisórias, irão acomodar 100 alunos que aguardam em lista de espera e ainda não tiveram aula em 2007, de acordo com a direção da escola. As salas também vão ajudar a desafogar as turmas de 5.ª séries. Pela legislação, são permitidos 35 alunos por sala. O colégio tem pelo menos três turmas com quase 50 alunos cada: uma com 48, e duas com 49 estudantes. Outras duas funcionam improvisadas em um barracão alugado da Sociedade Rural do município, há 2,5 quilômetros do colégio.
O movimento de pressão ao governo começou no ano passado, quando a AMPF suspendeu dois dias de aulas, também no início do ano letivo. "Mas agora a situação alcançou o limite. Tivemos de devolver salas de aula cedidas pela prefeitura por causa de uma infestação de pombos. E ainda temos duas salas alugadas fora da escola", explica Cássio Luiz Gruber, presidente da AMPF há seis anos.
A decisão pela interrupção das aulas foi tomada em assembléia com a participação de cerca de 600 pais no início do mês. "Queremos garantir a ampliação e dar início ao processo de construção da nova sede", explica Gruber. Pais, professores, funcionários e a comunidade estão envolvidos com a manifestação, ainda que apreensivos com a reposição das aulas. "Só tenho medo de como vai ficar no fim do ano. Meu menino não vai para a escola há 15 dias e a turma dele tem sala de aula", conta a agricultora Lourides Cecília Scremin, mãe de Elivelton Scremin, aluno da 7.ª série. "As aulas serão repostas aos sábados e durante as férias de julho", garante o diretor Célio Gonçalves de Araújo.
Hoje à noite a comunidade vai discutir a proposta da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (antiga Fundepar) para decidir se as aulas serão retomadas na próxima segunda-feira. "Temos de avaliar as garantias que o governo do estado vai dar", diz Gruber. A assembléia está marcada para as 19 horas.
O superintendente Luciano Mewes, que assumiu o órgão há um mês, esteve ontem em Bocaiúva do Sul para conversar com a comunidade escolar. Ele disse que pretende iniciar as obras emergenciais em até 20 dias. "A obra vai custar R$ 150 mil, o que nos permite simplificar o processo licitatório. As empresas serão convocadas por carta convite. Passados os prazos legais, o canteiro de obras deve estar instalado em 15 ou 20 dias", diz.
Mewes pediu ontem a lista de espera dos alunos para definir o número de salas de aulas necessárias. "A princípio serão quatro salas, um refeitório, a cozinha e os banheiros", conta. A extensão será construída no loteamento Fazenda São Marcos 1, perto do barracão onde funcionam as salas de aula alugadas das turmas de 5.ª série. O terreno, emprestado pela prefeitura por dois anos, já recebeu terraplanagem. Mewes agora quer negociar com o município a rede elétrica e hidráulica que vai abastecer a obra.