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Pais e alunos têm se enfrentado nas escolas de Goiás que foram ocupadas desde o final de 2015, em protesto contra a proposta do governador Marconi Perillo (PSDB) de transferir sua gestão para Organizações Sociais (OS).

Estudantes dizem que a Secretaria da Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e a Polícia Militar estão incentivando os pais a entrarem nas unidades e retirarem os manifestantes à força. Eles negam.

A reintegração de posse das escolas foi determinada pela Justiça. A assessoria da PM afirma que a corporação apenas atuou nas negociações com os alunos -e não na desocupação.

Em uma das desocupações, a do colégio Bandeirantes, algumas pessoas tentaram derrubar o portão de ferro da escola para retirar os estudantes. Eles não quiseram falar -alguns disseram que fizeram a retirada dos estudantes para garantir o direito dos filhos às aulas.

Na madrugada de terça (26), homens encapuzados e com pedaços de pau -pais de alunos, de acordo com os secundaristas- forçaram a saída de estudantes do Colégio Robinho Martins de Azevedo. Ninguém ficou ferido. A polícia diz não saber quem foram os responsáveis pela desocupação. Nesta segunda (1°), ainda há 16 escolas ocupadas.

Alunos dizem que algumas das desocupações foram feitas por policiais à paisana, como, segundo eles, ocorreu no Colégio Ismael de Jesus da Silva, também em Goiânia, na última segunda (25). Eles dizem que foram tirados da escola a tapas e chutes. A polícia nega.

Na noite de terça (26), estudantes ocuparam a sede da Seduce, em Goiânia. Um deles deixou o local após o pai puxá-lo pelo braço. Depois de mais de quatro horas de negociação, servidores públicos que estavam no prédio puderam sair. Um grupo de cerca de 30 pessoas continua acampado no estacionamento do local.

A Secretaria da Educação afirmou que a manifestação de pais, professores e alunos pela desocupação das escolas é espontânea.

Os manifestantes pedem a suspensão de edital que seleciona as OS, entidades sem fins lucrativos pagas para administrar os colégios. O projeto-piloto deve ser implantado neste semestre em 23 escolas da subsecretaria de Anápolis. A gestão será compartilhada entre Estado e organizações, para melhorar a qualidade das unidades. A não militarização das escolas e o não fechamento das unidades também está na pauta de reivindicação dos ocupantes.

Na última quarta (27), em audiência pública ocorrida em Anápolis, o promotor de Justiça Marcelo Henrique dos Santos sugeriu a suspensão do edital de chamamento das OS para ampliar a discussão sobre o projeto. A ata da reunião será encaminhada ao juiz Carlos Eduardo Rodrigues de Souza, da Fazenda Pública Estadual. A realização da audiência pública foi determinada pelo magistrado, como condição para concessão da liminar de desocupação das unidades.

Negociação

Durante dois dias, a reportagem acompanhou as negociações para desocupação do Colégio Villa Lobos, em Aparecida de Goiânia, tomado em 18 de dezembro. Uma assembleia realizada na semana passada selou a saída dos alunos, que pedem a reforma da unidade.

Uma ex-aluna de 19 anos, apoiadora da ocupação, diz que não acredita na espontaneidade do movimento de desocupação. “A gente percebe que tem um trabalho de propaganda forte do governador [Perillo] e da secretária [Raquel Teixeira]”, afirma.

Avó de alunos da escola, a dona de casa Edilce Rosa de Matos, 60, comemorou a saída pacífica, mas criticou a proposta de gestão via OS. “O governo quer entregar a educação na mão de empresários. O que empresário vai fazer a favor do povo? Eles querem é dinheiro”, disse.

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