O governo federal e o Inmetro estão finalizando a regulamentação dos centros de treinamento e da prática de treinadores autônomos de cães-guia. O trabalho é uma tentativa de aliviar o atual cenário no País, que tem 5,4 milhões de pessoas com perda grande de visão e apenas cerca de 70 animais treinados para auxiliar pessoas cegas. Apesar da transformação que o cachorro causa na vida do deficiente visual, conseguir um ainda é muito difícil no Brasil.
A previsão é que o decreto sobre a regulamentação seja consolidado neste semestre. "É a partir desse instrumento que vamos organizar tudo", disse Hélcio Rizzi, coordenador-geral de projetos da Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Em paralelo, a Universidade de São Paulo e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência estão definindo o projeto arquitetônico do prédio que abrigará a escola de instrução de animais e treinadores. Por ano, serão formados 25 instrutores e treinados 30 cães.
Estima-se que existam 12 mil pessoas nas filas de organizações não governamentais e centros de treinamento à espera por um cão. A International Guide Dog Federation, na Inglaterra, recomenda que eles sejam treinados e doados por instituições e escolas. Mas é possível comprá-los fora do País. Também há treinadores autônomos que cobram para instruir os animais.
Por causa dos custos elevados - o treinamento e o acompanhamento do animal custam, em média, R$ 25 mil -, os centros vivem de doações e realizam parcerias com empresas, em busca de patrocínio, e escolas estrangeiras. "Vender um cão é errado, porque normalmente quem necessita de um é quem precisa se virar, trabalhar, e não tem dinheiro para comprá-lo", afirmou o treinador Fabiano Pereira, da Escola de Cães-Guia Helen Keller, de Camboriú (SC).
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