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Infância

País tem dados pouco fiéis de desaparecidos

Dados divulgados pela Rede Nacional de Crianças e Adoles­centes Desaparecidos (ReDesap) e comparados com números da Polícia Civil do Paraná mostram a dificuldade atual para se ter uma exata noção dos casos de crianças e adolescentes desaparecidos no estado e no país. Enquanto a ReDesap enumera 62 desaparecimentos no Paraná nos últimos nove anos, o Serviço de Inves­tigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) conta 526 casos em um período de tempo menor, entre 2000 e 2006.

Uma iniciativa que poderia solucionar a discrepância ainda está no Congresso Nacional. Um projeto que cria um cadastro nacional de crianças desaparecidas já foi aprovado pela Câmara e agora tramita no Senado.

A diferença continua quando se consideram apenas os desaparecimentos solucionados. Segundo a ReDesap (que colocou os números no site da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República), 1 em cada 4 crianças e adolescentes teriam sido reencontrados no Paraná. Já nas contas do Sicride, o índice de aproveitamento chega a 98%, com apenas 7 casos não solucionados.

A julgar pelo relatório do ReDesap, pouco mais da metade das crianças e adolescentes desaparecidos no Brasil nos últimos nove anos foi encontrada. O Distrito Federal lidera o ranking das unidades da federação com mais registros de desaparecimento de crianças e adolescentes (veja tabela). O Paraná está na décima posição. Segundo a Agência Brasil, o problema ocorre com mais frequência nas regiões metropolitanas das capitais do que no interior.

Procurada ontem à tarde pela reportagem, a delegada titular do Sicride, Ana Cláudia Machado, não foi encontrada para explicar a divergência entre os números. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná, a delegada, única pessoa que poderia falar em nome do Sicride, participa da 7.ª Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Subnotificação

Em depoimento prestado ontem à Comissão Parlamentar de In­­ quérito (CPI) das Crianças Desaparecidas na Câmara dos Deputados, o coordenador da rede e secretário executivo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), antropólogo Benedito Rodrigues dos Santos, afirma que os números do ReDesap devem estar subestimados, porque os dados são colhidos por telefone e o sistema ainda não permite cadastramento em tempo real dos casos notificados nos serviços de SOS Criança e nas delegacias de proteção às crianças e adolescentes.

O antropólogo disse à Agência Brasil que a maioria dos casos começa com fuga motivada por conflito familiar, envolvendo violência física e até sexual. "O problema é que os desaparecidos ficam vulneráveis às redes de aliciamento para exploração e tráfico", explica. Ressaltando a nescessidade de educar as crianças com diálogo e sem violência, Santos defende maior proximidade do poder público. Segundo ele, as crianças pobres sofrem mais, por falta de estrutura familiar.

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