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Sociedade

País vive nova onda do movimento feminista

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Quem acompanhou o noticiário dos últimos dias deve ter se dado conta: a causa feminista está na pauta do dia. Assédio, violência doméstica, estupro, desigualdades salariais e mudanças nas regras para o aborto no Brasil foram assunto nos jornais e pipocaram em mensagens nas redes sociais. São todos temas caros às feministas e que influenciam na sua vida de alguma maneira – mesmo se você for homem.

A briga das mulheres por direitos vem avançando ao longo dos séculos. Em 1791, a francesa Olympe de Gouges percebeu que a ideia de igualdade dos iluministas não incluía as mulheres. Escreveu o manifesto “Declaração dos Direitos da Mulher” para denunciar essa exclusão – e, por suas ideias revolucionárias, acabou sendo decapitada. Na mesma época, a inglesa Mary Wollstonecraft escreveu “Uma reivindicação pelo direito das mulheres”, em que defendia o acesso à educação e direito ao voto.

Quase cem anos depois, o movimento sufragista ganhou corpo nos Estados Unidos e na Inglaterra. Conhecidas como suffragettes, essas mulheres fizeram o que se chamou de primeira onda do feminismo. Era a primeira vez na história moderna que mulheres se uniam e se organizavam para reivindicar direitos. Depois delas outras mulheres e outras reivindicações vieram (veja na linha do tempo).

Hoje, a internet trouxe um novo fôlego ao movimento. Para a socióloga Meryl Adelman, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o meio digital tirou muitas pessoas do isolamento e ampliou os espaços de debate. “Vejo que estamos retomando discussões da segunda onda, mas dando um passo a diante. Formas transgênero e o uso do cyberativismo criaram um cenário diferente.”

A historiadora e ativista Máira de Souza Nunes, professora dos cursos de Publicidade e Jornalismo da Uninter, afirma que hoje vivemos uma quarta onda do feminismo. “A internet e as redes sociais possibilitaram novas formas de conexão entre as mulheres e a troca de informações fortaleceu o feminismo, proporcionando o empoderamento individual”, explica.

Prova recente dessa importância da internet para dar visibilidade às bandeiras feministas é a campanha #PrimeiroAssedio – proposta pelo blog Thik Olga após comentários de teor sexual envolvendo uma criança participante do programa Master Chef Júnior aparecerem nas redes sociais. Depois de viralizar no Brasil, com os depoimentos de centenas de mulheres sobre a primeira vez em que foram assediadas, a campanha se internacionalizou há pouco mais de uma semana. Até a tarde da última sexta-feira (13), já eram pouco mais de 58 mil tweets com a hashtag.

O poder de mobilização da internet também aparece fora do mundo virtual. Nas últimas semanas, as mulheres foram às ruas em várias cidades do país contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista é autor do Projeto de Lei 5.069/2013, que dificulta o acesso legal ao aborto para mulheres vítimas de estupro, aprovado no fim de outubro pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Na última quinta-feira (12), a organização Artemis, que defende os direitos das mulheres, denunciou Cunha à Organização dos Estados Americanos pelo projeto.

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