Depois de conseguir a extensão de uma decisão judicial que lhe permite barrar a entrada de menores de 18 anos, o Palladium Shopping Center, de Curitiba, colocou um batalhão de seguranças em sua única porta de acesso, neste domingo (24). Eram pelo menos 24 agentes privados, postados em três linhas diante da entrada do empreendimento. A liminar foi expedida pela Justiça depois de um grupo conhecido como “Vileiros de Curitiba” ter marcado pela internet um evento no Palladium. No último dia 10, grupos de adolescentes se enfrentaram dentro do shopping, assustando clientes e lojistas.
Vestindo uma touca, calça larga, camisa que estampa uma marca de skate e tênis coloridos, um adolescente de 17 anos foi um dos que não pôde entrar no shopping. “Eu acho uma mancada. Por causa que uns ‘aprontaram’, toda a ‘piazada’ vai pagar. É só porque nós se veste assim [sic]”, disse o rapaz. “A gente só quer fazer nosso rolê, normal”, completou.
Outros três rapazes de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, atribuíram a medida ao preconceito. Dizem que só queriam usar o shopping como todos os consumidores, mas que estão sendo julgados pelo modo como se vestem.
“Tem muita loja aí [dentro do shopping] que vende esse estilo de roupa, mas nós não pode entrar [sic]”, observou um dos jovens, que usava boné, camisa de hip hop e tinha piercings no lábio e supercílio. “Daqui a pouco, vão nos fazer mudar de roupa pra poder entrar”, disse outro rapaz, que trabalha em um supermercado e que queria comprar uma camiseta nova.
Dentro do shopping, o movimento era considerado normal. Outros seguranças postados do lado de dentro confirmavam que a situação estava “bem mais tranquila” em relação a fins de semanas anteriores. Nas duas horas em que a reportagem permaneceu no Palladium, não houve o mínimo indício de confusão. Do lado de fora, além dos seguranças, a Polícia Militar manteve uma viatura estacionada ao longo da tarde.
Problemas
Lojistas, seguranças e vendedores ambulantes avaliam que a ocupação do estabelecimento por parte do que classificam de “vileiros” ou de “manos” fugiu ao controle. Segundo eles, a aglomeração começa do lado de fora do Palladium. Há relatos de que os adolescentes consomem drogas e bebidas alcoólicas – os populares “tubões” – e que se envolvem em delitos. “É furto, roubo e briga”, resumiu o ambulante Omar Isquierdo.
“Eles entram [no shopping] aos poucos e se reúnem lá dentro, geralmente na praça de alimentação. E é uma algazarra. Eles não respeitam ninguém. Chegam a vir em grupo pra cima da gente e até tentam nos agredir”, contou um segurança. Na ocorrência de 10 de janeiro, três adolescentes foram apreendidos.
Por meio de nota, o Palladium “garante que está tomando as medidas necessárias, em conjunto com os órgãos competentes, para garantir a segurança das pessoas que transitam pelo shopping”.
Lojistas e clientes aprovam restrição
- Felippe Aníbal
Clientes e funcionários de lojas do Palladium Shopping Center gostaram do clima de tranquilidade em que o empreendimento se encontrava na tarde deste domingo (24). Na avaliação deles, o shopping deveria adotar como regra a restrição da entrada de menores de idade que estejam desacompanhados de responsáveis. Isso, dizem, minimizaria a presença do que chamam de “vileiros”.
O empresário Ronaldo Bitencourt – que diz ter o shopping como “sua segunda casa” – destacou que pôde fazer suas compras em paz e segurança, ao lado da esposa Elizabeth Folador. “Eu prefiro assim. Aqueles jovens – não todos, é claro – fazem uma bagunça terrível. Numa dessas, podem furtar alguma coisa”, afirmou.
Os funcionários, por sua vez, esperam que essa tranquilidade possa trazer de volta os clientes que teriam deixado de frequentar o shopping por causa da presença dos “vileiros”. “Muita cliente minha parou de vir e disse que não volta mais. Eu tirava R$ 1,2 mil num domingo. Hoje, não tiro R$ 100”, disse o cabeleireiro Nelson Rubens Braun.
A funcionária de uma loja de roupas avalia que somente ações restritivas, como essa, podem devolver a segurança ao shopping e fazer com que a circulação de pessoas volte à normalidade. “Estava tendo furto aqui. Virou um inferno”, disse. “[A liminar] é injusta com algumas pessoas, mas elas tiveram que se sacrificar para que todos ficassem em segurança. Cliente nenhum quer vir a shopping pra ver ‘mano’”, completou a mulher, que pediu para não ser identificada.
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