Salvador - A religiosa baiana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, morta em 1992, aos 77 anos, conhecida no Brasil como Irmã Dulce, já pode passar a ser chamada de Venerável Dulce. O decreto que reconhece a vida de "virtude heroica" da freira foi assinado, na manhã de ontem, pelo Papa Bento XVI, e ratifica a decisão tomada, por unanimidade, pelo colegiado da Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano, em 20 de janeiro. O título significa o último estágio antes da beatificação da freira, cujo processo corre desde janeiro de 2000.
O título representa o reconhecimento, pela Igreja, de que a religiosa "viveu, em grau heroico as virtudes cristãs da fé, esperança e caridade". A oficialização da elevação de Irmã Dulce a venerável, no início de abril, pegou de surpresa os fiéis da religiosa, que aguardavam a assinatura do Pumo Pontífice apenas para junho, e fez crescer a expectativa em torno da beatificação da freira. "Ela merece isso e muito mais", diz a encarregada da higienização das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), Marlene Teles, de 53 anos.
Marlene foi tirada das ruas pela religiosa em 1982. "Ela, com toda a paciência, me tirou da rua e foi me ensinando. Toda tarde ela me chamava para conversar. É, até hoje, minha verdadeira família. E ela fez coisas assim para muita gente."
Para que Dulce seja beatificada, o Vaticano precisa reconhecer um milagre que tenha ocorrido por intercessão da religiosa. As expectativas giram em torno de um suposto milagre ocorrido em Sergipe. Ao dar à luz, uma mulher teve uma intensa hemorragia, que fugiu do controle dos médicos. Desenganada, os familiares teriam chamado o padre da cidade para fazer uma corrente de orações à religiosa. Pouco depois, a hemorragia foi estancada e a mulher recuperou a saúde.