Crianças em atividade do Comunidade Escola no Caic da Vila Sabará| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Recreação

Opção de lazer e aprendizado

O Comunidade Escola está presente em 12 colégios da Cidade Industrial de Curitiba. Com o encerramento das atividades na semana passada, o projeto contabilizou 500 mil atendimentos na região. O envolvimento da população é o que faz com que o programa seja bem-sucedido ou não. Para o coordenador do programa, Luciano Martins Oliveira, o Comunidade Escola é uma grande rede social, onde voluntários e participantes aprendem juntos e se ajudam mutuamente.

A Escola Municipal América da Costa Sabóia, na Vila Verde, cuida de crianças até a 4ª série do ensino fundamental. Desde que o programa começou, em 2005, foi percebida uma mudança nos hábitos dos pais, que passaram a participar mais da vida escolar dos filhos. A população começou a cuidar do ambiente.

A agente de leitura Maria do Carmo de Oliveira diz que essa abertura da escola para a comunidade foi uma tábua de salvação. "Aqui no bairro, esse talvez seja o único lugar onde as pessoas podem se divertir no fim de semana." É significativa a adesão da comunidade nos cursos de geração de renda, mas atividades esportivas e culturais são o grande atrativo do local.

No CAIC Cândido Portinari, na Vila Sabará, a participação popular também é representativa. No entanto, por ser um colégio que atende alunos até a 8ª série, algumas atividades do programa acabam deixando a desejar. As atividades esportivas são um ponto forte, mas para os alunos do colégio, que segundo a vice-diretora, Marta Laranjo, é o público alvo, aprender um ofício é mais importante. meta para 2012 é que o Comunidade Escola passe a oferecer cursos de idiomas.

A partir da segunda semana de janeiro, de quarta a domingo, o Comunidade Escola funcionará com atividades de recreação em 34 escolas de Curitiba.

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Abrangência

Veja os números do Comunidade Escola em Curitiba

• 92 escolas participantes

• 10 milhões de atendimentos em 6 anos

• 49% dos atendidos são crianças

• 33% são jovens

• 17% são adultos

• 1% é de idosos

• 15 mil vagas para cursos de geração de renda

• 38 cursos de capacitação ofertados em 2011

• 72% dos participantes concluíram

Oito entre dez moradores das 2.192 regiões de Curitiba atendidas pelo Comunidade Escola consideram que a violência diminuiu após o início do projeto, há seis anos. É o que aponta uma pesquisa com cerca de 2 mil pessoas. O levantamento foi realizado em 2010, mas dados preliminares de outro em andamento indicam que essa percepção se mantém em patamar similar, de 84%. Os dados são da Central de Relacionamento Municipal da prefeitura municipal de CuritibaA maior redução foi observada nos casos de ataques de vândalos contra as escolas que participam do projeto. Segundo os moradores, os episódios de violência no entorno dos colégios também caíram.

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Para o coordenador do Co­­mu­­nidade Escola, Luciano Martins de Oliveira, isso é resultado do maior envolvimento da população com as instituições que participam do programa. "No início, algumas diretoras ficaram preocupadas em abrir as portas. Mas, na medida em que a própria comunidade começou a conhecer o programa, ela passou a cuidar e assim os casos de depredação diminuíram."

O Comunidade Escola existe desde 2005 e hoje atende a 92 estabelecimentos na cidade. A meta para 2012 é aumentar esse número para 100. As atividades do programa funcionam aos sábados e domingos, entre 9 e 17 horas. Algumas escolas têm horários alternativos durante a semana, com cursos de geração de renda. "A finalidade é que a escola se torne um centro irradiador de vida dentro do bairro", afirma Luciano.

Para que o programa atenda a toda a comunidade, não sendo restrita à participação dos alunos das escolas e seus familiares, são trabalhados três princípios básicos: a educação integral, que é desenvolver atividades socioeducativas que promovam a convivência; a construção do capital social, cuja função é criar redes em bairros de ocupação recente, onde as pessoas ainda não se conheçam; por último, o incentivo à cultura de paz e não violência.

Nesses seis anos de existência, foram atendidas perto de 10 milhões de pessoas, um quinto delas neste ano. "Durante a semana, avisamos aos alunos e fixamos cartazes em pontos de referência da comunidade apresentando a programação do fim de semana. Para os cursos de geração de renda, avisamos com antecedência e as vagas logo são preenchidas", diz Luciano.

Geração de renda

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Um dos eixos que mais aproxima a comunidade do programa é o de geração de renda. No início, a Fundação de Ação Social (FAS) usava a abertura das escolas nos fins de semana para oferecer seus cursos. Percebendo a alta adesão a essas atividades, há três anos o programa passou a ofertá-las. Para isso, pesquisas foram feitas com a população para entender o perfil de cada região e adequar as aulas de acordo com a comunidade local.

Neste ano foram oferecidos 38 cursos gratuitos distribuídos em cinco áreas: artesanato, informática, idiomas, prestação de serviços e gastronomia. "To­­dos recebem material didático ou de trabalho gratuitamente, e os participantes ganham uma certificação", diz Luciano. Fo­­ram 15 mil vagas ofertadas em 2001, com 72% de alunos concluintes.

Para que não haja evasão, os cursos têm entre 20 e 30 horas de duração, em geral nos fins de semana. O público-alvo é formado por pessoas acima dos 16 anos, mas experiências feitas ao longo deste ano mostraram que adolescentes de 14 anos já podem ingressar nos cursos de informática e idiomas, na área de educação. Os voluntários que dão aulas podem expor seus trabalhos nas feiras especiais que a prefeitura organiza durante o ano e uma vaga rotativa na feira do Largo da Ordem. "É uma forma de agradecer a ajuda e apoio dessas pessoas", conclui Luciano.