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Tragédia

Para a polícia, falha humana causou acidente

Rio – A manobra que provocou o choque de trens que deixou 8 mortos e 101 feridos, na quinta-feira em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), havia sido autorizada pelo Centro de Controle de Operações da Supervia, concessionária da ferrovia. A informação foi divulgada ontem pelo delegado Fábio Pacífico, que investiga o caso. Segundo ele, se não houvesse a colisão entre um trem vazio e um de passageiros, este último teria descarrilado. Isso porque o desvio nos trilhos estava acionado para a manobra do carro vazio, que trocava de linha quando aconteceu o choque. "O trem vinha a 80 quilômetros por hora e não teria trilho para continuar. Certamente haveria descarrilamento."

Titular da 58.ª Delegacia, em Nova Iguaçu, o policial chegou a essa conclusão depois de ouvir ontem um técnico de manutenção que estava com o maquinista na cabine do trem vazio, atingido pelo outro no último vagão. De acordo com esse funcionário, a composição tinha passado por manutenção e estava em teste para voltar a operar. "Esse técnico confirmou que a manobra para troca de linha estava autorizada pelo Centro de Controle de Operações e a chave estava invertida (ou seja, o desvio estava acionado)." Essa chave é comandada pelo Centro de Controle.

Para o delegado, a hipótese mais forte para a causa do acidente é falha humana. Ele ainda não sabe se o erro foi do Centro de Controle ou do maquinista do trem de passageiros, que ficou ferido e corre o risco de ficar tetraplégico. "Essa é a primeira impressão (falha humana) e ainda depende do laudo da perícia. Se houver alguma falha mecânica que possa ter provocado o acidente, vai reduzir a responsabilidade de alguém."

O delegado espera interrogar na segunda-feira os funcionários do Centro de Controle, mas ainda não tem previsão de data para ouvir o maquinista. Pacífico pedirá as fitas com as conversas entre os maquinistas e o Centro de Controle. Os responsáveis pelo acidente vão ser indiciados por homicídio culposo e lesão corporal.

A Assessoria de Imprensa da Supervia informou que a empresa não comentaria as declarações do delegado, que classificou de "especulação". Para a empresa, qualquer "justificativa para o acidente é precipitada, prematura e irresponsável". Segundo a concessionária, foi criada uma comissão para apurar as causas do acidente e o laudo sai em dez dias.

Manutenção

O presidente da Supervia, Amin Alves Murad, descartou ontem que a falta de manutenção dos trilhos da companhia poderia ter sido a causa do acidente. Seu comentário foi dirigido especialmente às críticas feitas pelo Sindicato dos Ferroviários, que acusou a empresa de ser negligente nesse sentido.

"É um discurso padrão do sindicato que não faz apuração nenhuma. É infundado o que eles falam. Todos os nossos indicadores demonstram melhora nos serviços e isso é comprovado pelo aumento no número de passageiros e na diminuição do número de falhas por ano", disse.

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