Advogado da família Yared, Elias Mattar Assad criticou na manhã desta sábado (7) o vídeo gravado pelo ex-deputado Carli Filho e publicado com exclusividade pela Gazeta do Povo na noite da última sexta-feira (6). Na avaliação de Assad, a gravação faz parte de uma estratégia de defesa e é uma tentativa de preparar a sociedade curitibana para o possível júri popular a que Carli deverá ser submetido.
Para o advogado, o vídeo apenas reforça a tese da defesa, que ainda tenta livrar Carli da acusação de duplo homicídio com dolo eventual e fazer com que ele responda por crime culposo – quando não há intenção de matar. No vídeo, Carli admite que bebeu antes do acidente de trânsito, mas que não tinha a intenção de provocar as mortes dos jovens Gilmar Yared e Carlos Murilo de Almeida na madrugada de 7 de maio de 2009. O caso completa sete anos neste sábado.
O ex-deputado estadual também pede desculpas às famílias das vítimas e fala das dificuldades que viveu nos últimos sete anos devido ao acidente. “Ele já havia admitido que tinha bebido na noite do acidente. Agora, só está reafirmando a tese da defesa, de que foi um mero acidente. Mas a fala vem com esse contorno de desculpa para tentar sensibilizar a opinião pública”, afirma Assad, que divulgou nota no fim da manhã deste sábado contrapondo a gravação.
Inicialmente, o júri popular para o julgamento do caso Carli estava marcado para o dia 21 de janeiro. Mas o julgamento foi suspenso por decisão liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, após uma apelação da defesa de Carli Filho. Ainda não há previsão de quando a STF julgará o mérito da apelação. A ação está no gabinete do ministro Gilmar Mendes.
Defesa
A defesa do ex-deputado nega que a gravação seja um tipo de “oportunismo jurídico” ou estratégia. De acordo com o advogado Gustavo Scandelari, partiu do próprio Carli a ideia de fazer o vídeo e os advogados não interferiram no que o ex-deputado falou na gravação.
“O que ele quer é pedir perdão. Não só para as famílias, como para toda a sociedade. Ele primeiro procurou contato privado, para tentar pedir perdão às famílias pessoalmente, mas não obteve retorno”, diz Scandelari.
Assad afirma não ter tomado conhecimento dessa tentativa de aproximação de Carli Filho. Mas, para ele, se realmente estivesse arrependido, o ex-parlamentar teria, ao menos, indenizado as famílias das duas vítimas. “Carli Filho sempre culpou as vítimas, sem ter pago até hoje, ao menos, despesas de funerais”, afirma Assad na nota divulgada à imprensa.
A reportagem tentou entrar em contato com o advogado que representa a família de Carlos Murilo, mas até o fechamento deste texto, não havia conseguido contato.