O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) suspeita que o inquérito instaurado para apurar as causas da rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE) não seja isento. O motim, ocorrido nos dias 14 e 15 de janeiro, durou 18 horas e deixou sete presos mortos. Dias depois do fim da revolta, o governador Roberto Requião (PMDB) deixou no ar, por meio do microblog Twitter, que a rebelião teria sido incitada por agentes penitenciários em razão da retirada dos policiais militares do presídio. Em seguida, foram presos o chefe da segurança da PCE, Celso Tadeu do Nascimento, e o subchefe da segurança, Carlos Carvalho da Silva. O primeiro ocupava cargo de confiança, que requer indicação do governador.
"Nós vamos até onde for necessário para esclarecer essa situação. Devemos pedir a intervenção do Ministério Público em breve", afirma o presidente do Sindarspen, Clayton Auwerter. "O governo precisava encontrar um bode expiatório e colocou a culpa nos agentes. Para se ter ideia, nem mesmo a retirada da PM foi citada no inquérito", acrescenta. De acordo com os agentes, a permanência da PM no presídio desde a penúltima rebelião da PCE, em 2001, foi fundamental para evitar outros problemas. E a eclosão de um motim dois dias após a saída dos soldados era uma consequência esperada tanto o Sindarspen quanto a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania teriam comunicado a Secretaria de Estado da Segurança Pública sobre a necessidade de manutenção dos policiais.
As investigações, lideradas pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), foram acompanhadas pelo juiz-corregedor dos presídios, Marcio Tokars, e o promotor de justiça da 10.ª Vara Criminal, Pedro Carvalho Santos Assinger. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que não se manifestaria sobre o assunto.
Calúnia
O Sindarspen afirmou que está organizando uma espécie de dossiê contra o governador. O objetivo é cobrar, na Justiça, esclarecimentos para os comentários de Requião sobre os agentes penitenciários. "Estamos coletando áudio de entrevistas, matérias de jornais que mostram o que o governador disse. Ele comparou servidores públicos aos bandidos ligados ao crime organizado", diz Auwerter.
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