Brasília – Em situação desfavorável nas pesquisas eleitorais, o candidato tucano ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, alertou ontem que se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva for reeleito o governo "acaba antes de começar".

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"Já começa a discutir 2010 no dia seguinte". Um eventual segundo mandato de Lula significaria, segundo ele, o país perde mais quatro anos. "Para quê perder quatro anos?", perguntou, durante sabatina na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Lula não compareceu ao debate e recebeu críticas do presidente da entidade, Roberto Busato. "Estranhamos e lamentamos a decisão do presidente Lula, que foi um amigo desta casa, que lhe deu guarida e abrigo quando ele foi perseguido", disse.

Ao destacar os riscos da reeleição de Lula, Alckmin se baseou em sua própria experiência à frente do governo paulista. "Já fui reeleito, reeleição é um pouquinho mais ou menos do mesmo. Se Lula fosse reeleito, com todo respeito, acaba antes de começar. No dia seguinte já está todo mundo: ‘Vamos pensar no futuro’", prosseguiu, fazendo um longo e crítico diagnóstico da situação do governo. Para sustentar que a reeleição é ruim para o Brasil, completou: "Um time novo pode fazer muito mais para o país". Nesse raciocínio, considerou que as reformas e o ajuste fiscal poderiam ser feitos mais facilmente com uma nova equipe.

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"Petização"

Na ausência de Lula, que avisou há três dias que não participaria do debate, Alckmin aproveitou para bater no governo e no PT, atacando sobretudo o que vem chamando de "petização" do ministério e das empresas estatais, ou seja, o "aparelhamento" partidário da administração pública. "O que se sabe, pela imprensa, é só a ponta de um iceberg. É inacreditável a privatização que foi feita do aparelho do Estado brasileiro pelo PT e seus aliados. Uma coisa triste. O Brasil regrediu, do ponto de vista de gestão pública e do bem comum", prosseguiu o candidato. E enfatizou: "Eu não vou permitir a partidarização pois as instituições públicas são do Brasil não do PT".

Polarização

O tucano engrossou o coro de Roberto Busato que adverte sobre os riscos do clima de polarização entre ricos e pobres, um discurso que vem sendo feito por Lula na campanha. "O governo não pode estimular uma divisão do Brasil. Lula está dividindo o Brasil e este não é o caminho", alertou Alckmin. "Aliás, o presidente Lula foi muito injusto quando criticou São Paulo que o acolheu. Nós temos que ver a visão do país todo. Temos que unir o Brasil"

Segundo Alckmin, esse discurso de Lula tentando criar dois Brasis, o dos pobres e dos ricos seria uma "fantasia" pois, na sua avaliação, ele não tem um projeto para o país. "Aí fica criando boatos e fantasias. O fato é que o país piorou", disse, salientando problemas na educação, saúde e segurança pública, além da falta de investimentos.

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Ao rebater o que ele classificou de "mentiras e boatos" espalhados por seu adversário de que, se eleito, privatizaria empresas estatais, Alckmin disse também que, com esse discurso Lula tenta "tirar o foco da corrupção no governo". "Estão querendo distrair um pouco aí com coisas que são mentirosas. De onde tiraram que vou privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras?", acrescentou.