Para Bento, formação étnica e social qualifica o povo do Paraná ao desenvolvimento

Não bastasse a contribuição política decisiva para o estado, Bento Munhoz da Rocha Neto também destacou-se como um importante intelectual do Paraná. Ele teve uma intensa produção acadêmica e foi professor de História na UFPR e de Sociologia na Universidade Católica, embora fosse engenheiro de formação. Como opensador da realidade do estado, concebeu uma visão profundamente otimista das perspectivas do desenvolvimento do Paraná a partir da formação étnica e social de seu povo.

"O paranaense parece-me ser hoje a gente mais preparada, em todo o Brasil, para o processo do desenvolvimento econômico", escreveu Bento Munhoz em 1969, no prefácio da obra História do Paraná, editado pela Grafipar. Para ele, isso acontecia porque, primeiramente, o povo paranaense, embora tivesse uma base étnica luso-brasileira (como a do restante do país), estava mais propenso à diversidade. O estado historicamente foi uma área de passagem de tropeiros e isso fez com que o paranaense tivesse uma convivência freqüente com outras culturas.

Posteriormente, o espírito paranaense também sofreu influências decisivas de levas de forasteiros imbuídos de espírito empreendedor. Inicialmente, foram os imigrantes europeus, a partir do século 19, que abandonaram a Europa em busca do progresso no Brasil. Posteriormente, os colonizadores do Norte e do Oeste do estado, que também buscaram no Paraná o desenvolvimento pessoal. "Não que o migrante seja necessariamente o melhor. Mas é sempre o mais corajoso. É sempre o inconformado, aquele que quer mudar, melhorar, inovar, progredir", escreveu Bento Munhoz. "Talvez em nenhuma outra região brasileira exista tanta gente quanto aqui de comportamento compatível com o desenvolvimento." (FM)