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Pedra no sapato da maioria

A candidatura do deputado federal José Eduardo Martins Cardozo à presidência do Diretório Nacional do PT, pela chapa Mensagem ao Partido, pode virar uma pedra no sapato para a corrente Construindo um Novo Brasil (antigo Campo Majoritário).O grupo capitaneado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, terá como plataforma de campanha a discussão sobre o comportamento ético de seus filiados, o que representa um risco de uma nova crise interna no PT. As duas chapas já oficializaram as candidaturas.

A definição dos candidatos a presidente do PT no fimde semana mostrou que o Planalto terá dificuldades se quiser "domar" o partido rumo às eleições de 2008 e 2010 no sentido de prestigiar as siglas aliadas da coalizão governista.

Os principais nomes já definidos, incluindo Ricardo Berzoini, atual presidente, prometem respeitar as resoluções do último congresso do partido, realizado em agosto, pela construção de uma alternativa petista à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No que diz respeito às eleições de 2008, todos devem preservar a autonomia das instâncias municipais, ao contrário do que tentou fazer o deputado federal José Genoino (SP) em 2004, quando, à frente do PT, deu preferência às coligações com aliados de Lula.

"A realidade municipal é muito diferente da federal. Seria artificial o PT nacional impor a diretórios municipais políticas que não estão de acordo com a realidade deles", diz Berzoini, candidato pela corrente Construindo um Novo Brasil, favorita para vencer a disputa interna, em dezembro.

Berzoini é a segunda opção de Lula no processo eleitoral do PT. A candidatura de Marco Aurélio Garcia chegou a ser lançada, mas, após forte resistência de setores temerosos a uma submissão do assessor especial do Planalto aos interesses federais, sucumbiu.

Luiz Dulci, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, diz concordar com Berzoini sobre 2008, mas adverte: "Acho que devemos fazer um esforço para assegurar em todos os municípios a unidade da base".

Quando o tema é 2010, aliados de Berzoini avaliam que ele deverá trabalhar por nomes com um `perfil partidário", o que desfavorece, por exemplo, os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Fernando Haddad (Educação). Ganham força Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e o governador Jaques Wagner (BA). Por enquanto, Berzoini diz que, se eleito, irá se empenhar para que a sigla lidere a coalizão. `Esse processo vai ser conduzido com tranqüilidade pelo PT."

Jilmar Tatto, candidato a presidente da sigla com apoio das correntes PT de Lutas e Massas, Novo Rumo e Movimento PT, é tido como escudeiro da ministra Marta Suplicy (Turismo), também lembrada para suceder Lula. Sua plataforma prega defender o governo sem se curvar ao Planalto. "A fórmula é defender a gestão revolucionária do presidente Lula e reafirmar o PT em todas as instâncias", afirma.

As chances de Dilma e Haddad aumentam se José Eduardo Cardozo (SP) vencer o pleito direto do PT. Candidato pela corrente Mensagem ao Partido, ele tem a ética como bandeira. Mas, no debate sobre 2008 e 2010, Cardozo tende a acatar as decisões do Planalto.

Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, saiu do congresso da legenda como vencedor por defender, desde o início, um nome do PT para suceder Lula.

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