Passageiros pedem melhorias
Falta de conforto e atrasos são as principais reclamações dos passageiros que usam o Afonso Pena. "Era preciso melhorar a aparelhagem para ter teto com neblina", diz o engenheiro civil Luis Sergio Barcelos. O gaúcho afirma que a questão se repete em Porto Alegre e implica, mais do que em atraso, em perda de voos. "Aguardar um tempo a mais até não incomoda. Mas, muitas vezes, você perde a conexão. E aí atrapalha. Isso mostra um problema geral dos aeroportos do Brasil", diz.
No Brasil
Assim como Curitiba, outras cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014 avaliam melhorias e reformas nos aeroportos. Confira:
Brasília Aeroporto Juscelino Kubitschek
A reforma inclui ampliação do terminal de passageiros e mudanças no acesso viário.
Custo estimado: R$ 514 milhões
Cuiabá Aeroporto Cândido Rondon
Ampliação do terminal de embarque internacional, que recebe 580 mil passageiros por ano.
Custo estimado: R$ 30 milhões
Fortaleza Aeroporto Internacional Pinto Martins
O aeroporto deverá ganhar novo terminal, novos estacionamentos e área para manutenção de aeronaves.
Custo estimado: R$ 525 milhões
Manaus Aeroporto Eduardo Gomes
Ampliação e reforma do terminal de passageiros, aumento dos pátios e da pista e construção de uma segunda pista de pouso e decolagem.
Custo estimado: R$ 793 milhões
Porto Alegre Aeroporto Internacional Salgado Filho
O projeto de ampliação prevê a extensão da pista dos atuais 2,7 mil metros para 3,5 mil metros.
Custo estimado: R$ 122 milhões
Recife Aeroporto Internacional dos Guararapes Gilberto Freyre
A modernização será iniciada a partir de fevereiro de 2010.
Custo estimado: R$ 8,75 milhões
Rio de Janeiro Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão)
O aeroporto passa por reformas desde março de 2008. A principal delas foi a renovação da pista principal, concluída em junho de 2008.
Custo estimado: R$ 818 milhões
São Paulo aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Viracopos
Congonhas, no centro de São Paulo, terá obras de modernização. Em Guarulhos está prevista a construção do terceiro terminal de passageiros. Viracopos, em Campinas (100 km de São Paulo), será o principal articulador da malha aeroviária brasileira, segundo os planos da Infraero para 2014.
Custo estimado: R$ 6 bilhões
Com menos de cinco anos para a Copa do Mundo no Brasil, o Aeroporto Afonso Pena, que deve ser um dos principais pontos de chegada de turistas ao Paraná, enfrenta uma avalanche de tormentos causados pelo espaço escasso e dificuldades estruturais. A indesejada neblina do inverno evidencia as falhas. As salas de embarque ficam pequenas para o volume de passageiros, existem poucas poltronas no saguão e as filas para estacionar o carro e até para passar os pertences pelo raio-x ficam enormes. Soma-se a isso a falta de uma terceira pista para pouso e decolagem ou ampliação da segunda e a impossibilidade de transportar cargas.
Não existe ainda levantamento ou planejamento das viagens domésticas que devem ocorrer durante a Copa. Curitiba, contudo, deve ser muito procurada pela proximidade com duas cidades turísticas indicadas pela Fifa: Foz do Iguaçu e Paranaguá. "O fluxo de turistas não é só para os jogos em Curitiba. Teremos muito embarque e desembarque de pessoas que querem conhecer as Cataratas", afirma o engenheiro civil Nivaldo Almeida Neto, vice-presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP).
ILS
De acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Gilberto Piva, o aeroporto precisa instalar equipamentos que permitam pouso e decolagem sob qualquer condição, o ILS-III. Além do novo sistema, é necessário adequar as aeronaves para que o ILS-III funcione, ele precisa estar instalado tanto no aeroporto quanto no avião e treinar a tripulação. "Seria muito triste saber que uma das seleções foi obrigada a desembarcar em Florianópolis e seguir de ônibus para Curitiba porque o aeroporto estava fechado. Infelizmente, é o que ocorre com os usuários o tempo todo. E a Copa do Mundo é o momento ideal para tirar isso do papel", afirma Piva.
Além dos R$ 7,8 bilhões previstos pela Infraero para todos os aeroportos do país, existem R$ 2,6 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento. O PAC, aliás, prevê R$ 500 bilhões em investimentos até a Copa. A infraestrutura logística (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos) deve receber R$ 58,3 bilhões em todo o Brasil, valores menores apenas do que os destinados à infraestrutura energética e melhorias sociais e urbanas.
Para o Afonso Pena, estão previstos investimentos de R$ 40,9 milhões até 2011 em duas obras preferenciais: a adequação da infraestrutura de pistas e pátios (estudos para uma terceira pista estão em andamento) e a ampliação do terminal de cargas. As obras estão com contratos firmados e prazo de conclusão definido. Outras intervenções estão programadas até 2014: recuperação das pistas auxiliares; adequação do pátio de manobras; ampliação da área de hangares; implementação de estacionamento; e melhoria dos equipamentos e infraestrutura de navegação. Há, também, estudo preliminar para adequação do terminal de passageiros em fase de execução.
Demora
O vice-presidente do Crea-PR acredita que as obras devem dar nova vida ao aeroporto e adequá-lo aos padrões de qualidade. "Os recursos, porém, me parecem escassos para se realizar todas as intervenções", estima. Piva também reclama da demora para a elaboração de projetos e, especialmente, da dificuldade para se tomar decisões. "Há anos se discute a construção da terceira pista. Como há anos também se fala da ampliação da segunda pista. Ninguém trata as ideias de forma definitiva. Nós precisamos de projetos aprovados e desapropriações feitas", afirma.
Em documento enviado por e-mail, a administração do Aeroporto Afonso Pena explica que os recursos colocados à disposição dependem das reuniões de planejamento realizadas no fim do ano. Nesse período do ano passado, não havia a confirmação de que a Copa do Mundo de 2014 aconteceria no Brasil. Por esse motivo, "pode haver ajustes conforme o cenário e aprofundamentos de eventos como a Copa", segundo o documento.
Entorno
Não só o aeroporto necessita de reformas. O acesso ao local precisa ser incrementado. "Evidentemente, a Avenida das Torres precisa de ampliação. Isso significa construir pelo menos mais uma faixa em cada sentido", diz Nivaldo Almeida Neto. Segundo Neto, o projeto da avenida já previu essa intervenção. "As construções laterais estão mais afastadas por conta desse planejamento", acrescenta. Piva alega que, caso o aumento lateral não possa ser aplicado, seria possível derrubar as torres, incluir cabos subterrâneos e construir duas pistas no canteiro que divide os sentidos da via.
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