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Planejamento

Para curitibanos, ruas deveriam ser obras prioritárias

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Asfalto, recapeamento e outras obras relacionadas a vias públicas são a prioridade do curitibano na hora de pensar o orçamento do município. A demanda aparece na frente de outras como trânsito, saúde, meio ambiente e educação nas consultas públicas abertas pela prefeitura – presencialmente, nas nove regionais, e por canais interativos – para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2015. Quase 25% dos cerca de 6 mil cidadãos ouvidos defendem as vias como a primeira prioridade na aplicação de recursos municipais. Apesar disso, a prefeitura não prevê um programa específico de asfaltamento no orçamento do próximo ano, como já ocorreu em gestões anteriores – na década de 1990, o Plano 1000 do prefeito Cassio Taniguchi culminou na pavimentação de mil quilômetros de vias em Curitiba. Na proposta enviada à Câmara, há previsão de pavimentação alternativa, implantação de ciclovias, obras de asfaltamento e manutenção, que somam R$ 140 milhões. O montante representa menos de 2% do total do orçamento, mas cerca de 20% da verba destinada a investimentos.

Segurança, com 16% da preferência por participantes, trânsito (10,8%) e saúde (10,5%), vêm atrás das ruas como desejos prioritários dos curitibanos. De acordo com a professora Gislene Pereira, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, além de uma carência de asfalto fora dos bairros mais tradicionais, a priorização de vias em detrimento de problemas tradicionais, como educação, aponta para uma tendência popular de pensar em soluções de curto prazo. "É um reconhecimento de que esse tipo de coisa a prefeitura pode fazer de maneira imediata, está ao alcance. É comum, quando se faz esse tipo de pergunta, ver o problema imediato, o buraco na frente da rua." Segundo ela, além de trazer melhoria em qualidade de vida e acesso, asfaltamento é um fator fundamental na valorização do imóvel. "Quando se vê anúncio de venda, consta 'via pavimentada, via não pavimentada'."

Surpreso com a amostra, o professor de urbanismo da Universidade Positivo Rivail Vanin de Andrade pondera que a opinião popular reforça a "cultura do carro" existente em Curitiba. "É quase um carro por habitante, a maior taxa entre as capitais. Chama a atenção que a cidade com o melhor transporte público do Brasil tenha esse índice de motorização. É um contrassenso." Para Andrade, o resultado do debate público parece estar pouco ligado à necessidade de infraestrutura básica. "Mesmo as ocupações irregulares têm estrutura, nem que seja antipó ou saibro. Esse pedido de vias poderia ser algo relacionado a calçadão, via calma, mas não me parece ser a realidade", ressalta.

Prefeitura detalha investimentos na área

Em contato com a reportagem nesta quinta-feira (30), a Prefeitura de Curitiba informou que, embora não haja um programa específico com este nome, existe um planejamento anual e regular para obras de implantação de asfalto, recuperação e manutenção de ruas, em cumprimento à aplicação dos recursos do orçamento e das metas estabelecidas na Lei Orçamentária Anual (LOA).

"Nestes 22 meses da atual administração, a Secretaria Municipal de Obras Públicas já investiu mais de R$ 180 milhões em pavimentação e revitalização de vias", informou a administração municipal.

A prefeitura deu ainda dados da malha viária de Curitiba, que é composta por 4.650 quilômetros, dividida em 32,18% com pavimentação asfáltica, 59,46% com pavimentação de antipó e 8,36% pavimentada com outros materiais (saibro, paralelepípedo e pedra).

Para 2015, a administração informou que já estão garantidos R$ 59 milhões para execução de serviços de pavimentação e revitalização de ruas, além de R$ 154 milhões para "obras estruturantes, que priorizam locais onde circulam ônibus do transporte coletivo".

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