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Transformar o texto pouco acessível de bulas de remédios em algo simples e compreensível pela população em geral: este foi o desafio de um grupo formado por alunos da Universidade de Brasília (UnB), em conjunto com professores e profissionais do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Ao todo, o projeto revisou 163 bulas convencionais, "traduzindo" palavras complicadas, elaborando desenhos e trabalhando com cores para facilitar o entendimento das instruções e ressaltar os perigos dos medicamentos. O estudo foi direcionado a pacientes com problemas cardíacos e grávidas e mulheres em período de amamentação.

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O cardiologista Hervaldo Sam­­paio Carvalho, um dos coordenadores do projeto, considera que há quatro aspectos que normalmente dificultam a leitura das bulas pelos pacientes. "Primeiramente é o tamanho da letra, que muitos não conseguem enxergar; depois tem o vocabulário técnico e até mesmo o português difícil, longe do coloquial. Por último, está a falta de cultura do próprio paciente em ler a bula", enumera.

Tira-dúvida

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Para o diretor clínico do Hospital Vita Curitiba, Jackson Miguel Baduy, os médicos também devem fazer sua parte. "A bula é feita para médico e farmacêutico. Pre­­cisamos ser mais didáticos e os pacientes não devem ter medo de perguntar e tirar dúvidas", diz. Baduy relata histórias de pessoas que ficaram assustadas ao lerem na bula de um remédio receitado para náuseas que este "agia nos sintomas da quimioterapia".

"Não era a indicação formal do remédio. Sou a favor de que algumas informações secundárias sejam excluídas, para não causar esse tipo de confusão", afirma.

Como não é habitual à maioria dos pacientes chamar dor de cabeça de "cefaleia" ou coceira de "prurido" – e nem os tópicos da bula explicam claramente o que significam esses termos –, o grupo da UnB decidiu transformar termos como "posologia" em "como devo utilizar esse medicamento?" e "contraindicação" em "situações em que não deve ser utilizado". Para chamar a atenção de grávidas e lactantes, foi empregado um sistema de cores, como nos semáforos, que indica se a paciente pode ou não utilizar o medicamento.

Segundo Carvalho, apesar de estar em fase inicial, o projeto vem mostrando bons resultados. "Ainda estamos começando o estudo dos impactos, mas já percebemos que melhora a adesão do paciente e que ele se torna mais proativo em conhecer seu tratamento."