Pará é prioridade para deter o avanço do desmatamento na Amazônia. Se a área desmatada na parte leste (oriental) do bioma passar de 40%, isso poderá interromper o fluxo de vapor d’água atmosférico que entra do oceano em direção aos Andes, comprometendo a sobrevivência da floresta também na porção oeste (ocidental), que é rica em biodiversidade da Amazônia. O alerta foi dado ontem pelo físico Paulo Artaxo, na palestra de abertura da conferência "Amazônia em Perspectiva".

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"O Estado do Pará é absolutamente crucial", disse Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), que estuda interações entre a floresta e o clima. "Se for para focar ações em algum lugar, esse lugar é o Pará."

Vários estudos demonstram que o vapor d’água que serve de matéria-prima para a formação de chuvas na Amazônia flui no sentido leste/oeste, sendo reciclado várias vezes ao longo do caminho pela floresta entre o oceano e os Andes.

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Ao mesmo tempo que consome água da chuva, a floresta devolve água para a atmosfera na forma de vapor, por meio de um processo chamado evapotranspiração.

Quando a floresta é removida, esse ciclo se quebra e a água que cai sobre a Amazônia Oriental não retorna para a atmosfera, causando um desabastecimento de vapor d’água para formação de chuvas na Amazônia Ocidental. "A floresta controla os ingredientes básicos que produzem chuva sobre ela mesma", afirma Artaxo.